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Primeiro não havia nada - só a vontade do Coro Lira em contrariar a “falta de repertório actual em língua portuguesa para vozes infanto-juvenis” -, mas hoje há uma estreia prestes a acontecer. Coisas que não há que há, espectáculo que sobe ao palco do Teatro Carlos Alberto esta sexta, parte de dez poemas de Manuel António Pina que foram musicados por dez compositores portugueses.
“O desafio de juntar 30 crianças e jovens e quatro adultos em palco foi muito interessante, porque a única coisa que existia no início eram dez poemas”, recorda Raquel Couto. A fundadora e directora musical do Coro Lira nota que “os ensaios começaram por volta de Setembro, com a chegada das encomendas dos compositores”.
A vontade de trabalhar um “coro em movimento” fez com que a música ganhasse corpo em palco através da colaboração com Catarina Lacerda, actriz e co-directora artística do colectivo Teatro do Frio. “Temos este conjunto de miúdos a descobrir o universo linguístico do Pina, sonora e fisicamente, e a transformá-lo noutra coisa”, explica a directora artística da peça.
Fazer teatro a partir da poesia não é novidade para o Teatro do Frio, mas “a musicalidade e imagética da poesia de Pina tornam-na um motor de criação incrível”. “Além da plasticidade da palavra, do som e da imagem, quando escreve para a infância, Manuel António Pina escreve para todos”, sublinha Catarina Lacerda. “Da mesma forma que nós, ao criar, criámos para todos”.
O espectáculo integra poemas como O Pássaro da Cabeça ou O Aviador Interior, que aludem à “capacidade de redescobrir novos olhares no nosso quotidiano”. É por esse território do pensamento e da imaginação que se guiam os pequenos grandes intérpretes em cena, também co-criadores da peça. “Dentro da lógica de ensaio semanal do coro, encorajámo-los a brincar e a investigar o universo do Pina”, diz Catarina.
O projecto culminará, no final do ano, com a edição de um livro de partituras com as dez composições originais, que deverá incluir também poemas, ilustrações e textos sobre o processo de criação. “A música é uma linguagem universal e, nesse sentido, isto poderá ser tocado em qualquer parte do mundo”, conclui Raquel Couto. O espectáculo pode ser visto na sexta às 21.00 e sábado às 11.00 e às 16.00. Os bilhetes custam 5€.
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