Adoptar um troço de um rio pode, à primeira vista, parecer uma ideia estranha, mas, em Lousada, já se tornou familiar. Pelo menos para cerca de 300 pessoas que, a título individual ou através de escolas e empresas, já acolhem e protegem 40 troços.
O projecto surgiu em Setembro de 2018, por iniciativa da Câmara Municipal, como resposta à “necessidade de salvaguarda dos rios, que são um valor natural de importância incontornável para a sustentabilidade, saúde e qualidade de vida das populações”, explicou Manuel Nunes, vereador com o Pelouro do Ambiente e Natureza, em entrevista à Time Out.
Mas como é que isto funciona? Depois do preenchimento de um formulário online no site da autarquia, os adoptantes fazem uma pequena formação de três horas. Daí em diante, ficam responsáveis por monitorizar 250 metros de rio com a ajuda de um kit que contém um colete, um saco de identificação e um manual com informações úteis. A periodicidade fica à escolha de cada um. “Uma visita por ano é o mínimo que pedimos a cada voluntário, mas o ideal é que as pessoas venham ao rio uma vez de dois em dois meses”, explica Daniela Barbosa, a bióloga responsável pelo projecto.
Em cada visita ao rio, há uma ficha de caracterização para preencher, com informações como o estado da água, a presença de animais ou a existência de plantas invasoras. Depois, é a vez de Daniela actuar. “Selecciono áreas prioritárias e, com a ajuda de voluntários, vamos intervindo”, explica. Além disto, todas as semanas faz fiscalização com a Polícia Municipal e com a SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente) da GNR. A bióloga de 27 anos adianta ainda que os problemas mais comuns são as descargas de resíduos ilegais, vindos de explorações agropecuárias e de pequenas indústrias, e o depósito de entulho.
Para a Câmara, “a forma como o projecto está estruturado permitirá reaproximar as pessoas do rio, da natureza. Aliás, o contacto próximo (re)desperta a consciência ambiental, o cuidado, a protecção e a vigilância”. Dos 127 troços disponibilizados para adopção nos últimos meses, 40 já têm uma patrulha, mas ainda há 87 troços disponíveis. Se gostava de ter um papel activo na preservação ambiental, aqui está uma boa oportunidade.
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