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Regressa o Correntes d’Escritas e com ele uma programação cheia de livros – e não só. A Póvoa de Varzim recebe, entre 15 e 22 de Fevereiro, mais de uma centena de autores, oriundos “das mais diversas latitudes das línguas ibéricas”. A 26ª edição de um dos mais completos e entusiasmantes festivais literários do país dará especial destaque à obra de Luís de Camões (a propósito dos 500 anos do seu nascimento) e de Camilo Castelo Branco, que tinha a Póvoa como destino balnear predilecto, mas vai mais longe: algumas das mais famosas obras de arte da pintura mundial darão mote às 11 mesas previstas. Assim, não se admire quando Camões e Castelo Branco, mas também Luís Sepúlveda e Luísa Dacosta, surgirem na conversa ao lado de Salvador Dalí, Frida Kahlo, Paula Rego, Pablo Picasso ou Francisco de Goya.
A conferência de abertura, dedicada ao autor de Os Lusíadas, ficará a cargo do poeta, romancista, ensaísta e investigador literário Helder Macedo, radicado há vários anos em Inglaterra, e está agendada para dia 19 de Fevereiro, às 15.00, na Sala Principal do Cine-Teatro Garrett. O seu mais recente livro de poesia, Corpos da Memória, editado pela Editora Caminho/Leya, será também apresentado no festival, a par de 30 outras novas publicações de vários autores.
Os livros, os filmes, as exposições
Os lançamentos de livros são um dos pontos altos, mas há muitas outras actividades paralelas. Das conversas correntes – “conversas mais íntimas e de maior proximidade entre os participantes e o público, a propósito de um livro, de uma experiência, de uma vida dedicada à literatura ou aos livros”, descreve a organização –; à exibição de filmes. O documentário Memórias da Terra, com curadoria de Gonçalo M. Tavares e realização e edição de Helena Gökotta, por exemplo, põe o foco em quem trabalha a terra numa terra virada para o mar, feita, essencialmente, de pescadores.
“No coração da Póvoa de Varzim, os agricultores da associação Horpozim convidam-nos a uma viagem ao passado, através de memórias que atravessam gerações. Durante 30 minutos, este documentário revisita as brincadeiras de infância no campo, os rituais e costumes que moldaram a sua identidade, e a simplicidade de um modo de vida muito distinto do actual”, lê-se no programa do festival. A nota acrescenta também que é através dos “utensílios e objectos de outrora” que é possível reconstruir “um retrato íntimo de uma época onde o quotidiano era moldado pela terra, pela comunidade e por tradições cheias de significado”.
O festival contará ainda com residências literárias, exposições, uma feira do livro e parcerias com as escolas e a comunidade, além, claro, da atribuição dos prémios, um dos momentos mais aguardados.
Os prémios
Este ano, por ser ímpar, o Prémio Literário Casino da Póvoa, no valor de 25 mil euros, distinguirá a poesia (a prosa é consagrada em anos pares) e são 11 os livros finalistas, de autores de língua portuguesa, de países como Portugal, Brasil e Angola. Na corrida estão poetas como João Luís Barreto Guimarães, Luísa Freire, Andreia C. Faria, Adília Lopes, Jorge Gomes Miranda, João Melo, Ricardo Gil Soeiro, Paulo Tavares, Eucanaã Ferraz, Bernardo Pinto de Almeida e Nuno Júdice. O vencedor será conhecido no dia 18, véspera da cerimónia de abertura, que se realizará, no dia seguinte, no Casino da Póvoa. Será nesta altura que serão também conhecidos os vencedores dos outros prémios, que distinguem jovens escritores; contos e ilustrações infantis inéditas em Língua Portuguesa; e obras cuja temática é a Póvoa de Varzim.
As mesas
Esta edição contará com nomes de peso, muitos deles com obra consagrada, outros com prémios de referência no palmarés, como Germano Almeida, Prémio Camões; Gonçalo M. Tavares, Francisco Mota Saraiva, João Tordo, Ondjaki e Rafael Gallo, Prémios Saramago; José Carlos Barros, Prémio Leya, e Afonso Cruz, vencedor do Prémio União Europeia para a Literatura. Mas há muitos outros para ouvir. A mesa 1, que arranca no dia 19 às 17.30, debruçar-se-á sobre a obra de Gustave Courbet, A Origem do Mundo, e terá como interlocutores Álvaro Laborinho Lúcio, António Mota, Germano Almeida, Joana Bértholo, Patrícia Melo e José Carlos Vasconcelos, como moderador.
A mesa 2, no dia 20 às 10.00, reflectirá em torno de O Grito, de Edvard Munch, e reunirá em debate moderado por Margarida Pinto Correia Afonso Cruz, Amélia Muge, João Tordo, José Alberto Postiga, Maria Francisca Gama e Marta Pérez-Carbonell. As restantes nove mesas estarão distribuídas por vários dias, onde diferentes autores irão analisar obras como A Persistência da Memória, de Dalí; A Coluna Partida, de Frida Kahlo; A Guerra, de Paula Rego; ou o famoso Guernica, de Picasso.
Póvoa de Varzim (vários locais). De 15 a 22 de Fevereiro. Entrada livre
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