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Raquel Germano e Margarida Fêo e Torres têm mais em comum do que a amizade que nasceu nas salas de aula do IADE. Há um ano, terminaram o curso de Marketing e Publicidade, mas iniciaram uma outra aventura, desta vez como sócias. "Toda a gente tem as suas inseguranças com o corpo, mas a conversar com as nossas amigas percebemos que os vestidos de cetim, que se usam imenso neste momento, não eram peças fáceis. Várias delas diziam que não lhes ficavam bem, que não eram para o corpo delas", resume Raquel, de 22 anos.
Margarida, apenas um ano mais velha, completa: "Então, porque não agarrar naquele tecido que assusta tanto e transformá-lo em algo que faça as mulheres sentirem-se empoderadas?" Sem qualquer experiência enquanto empreendedoras, tão pouco em design de moda, puseram mãos à obra e criaram a Everybodies, marca lançada em Maio deste ano. Afinal, a missão era nobre e ia para além do mero negócio: tornar uma peça difícil numa opção suficientemente democrática para assentar como uma luva em todos os corpos. E só havia uma forma de consegui-lo: produzir por medida.
E para isso, ter uma fita métrica à mão é essencial. Cada cliente deve tirar correctamente as suas medidas (há um guia no Instagram da marca que dá uma ajuda) e enviá-las. Depois disso, há uma série de escolhas para fazer: o modelo – Liberdade, Força, Confiança e Coragem (mais recentemente, passou a ser possível combinar a parte da frente de um com a parte de trás de outro) –, a cor (são oito no total), os ajustadores das alças (dourados ou prateados), a racha (à esquerda, à direita ou inexistente) e o comprimento (curto, médio ou comprido), a única opção que define o preço do vestido. Este varia entre 54 e 59 euros.
"Andámos a chatear toda a gente", introduz Raquel. "Desde stylists às nossas avós", continua. Tudo para montar uma cadeia que, desde o início, se quer pequena e local. Sem sair de Lisboa, as duas amigas encontraram uma modista que actualmente é o braço direito (e também o esquerdo) da dupla, mas também os fornecedores de tecidos.
Margarida fala numa geração mais consciente em relação ao impacto ambiental da roupa, mas também na gestão dos gastos, sobretudo em bens não essenciais como a moda. Resume a tendência numa única ideia: comprar menos e melhor. Numa antítese da fast fashion, a Everybodies só produz em função das encomendas (demora cerca de uma semana a entregar o vestido) e ainda aproveita os restos para fazer lenços, de forma a evitar desperdício.
Quanto às clientes, a maioria partilha a mesma faixa etária das fundadoras, embora esteja a aumentar a procura por parte de mulheres mais velhas. "Queremos que se sintam confiantes para usarem a peça de roupa que querem. As inseguranças são comuns a todos os tipos de corpos, incluindo os tamanhos mais pequenos. Pode ser em relação à altura, ao peito, à barriga. Nós oferecemos a personalização total, mas esta marca começou com uma causa e não com o produto final", remata Raquel.
Em marcha está já o planeamento da estação fria, já que dificilmente os finos vestidos de alças conseguirão fazer face aos meses que se seguem. O vestido vai continuar a ser a peça estrela da Everybodies, embora as modificações sejam inevitáveis. Novos desenhos e cores que terão de piscar também o olho à época festiva, nomeadamente à Passagem de Ano.
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