[title]
“Se o público não vai à ópera, a ópera vai ter com o público”. Numa cidade onde o canto lírico já teve uma grande tradição, o desejo é retomar ou, pelo menos, voltar a aproximar as pessoas da ópera e mostrar que os espectáculos são para todos. Foi com este objectivo que nasceu o primeiro Festival Internacional de Artes e Ópera do Porto (FIATO), que vai acontecer entre 13 e 16 de Novembro em vários espaços da cidade. É, nas palavras de Teresa Nunes, directora artística do festival organizado pelo Quarteto Contratempus, a resposta a “uma necessidade de acesso à ópera que existe no Porto”.
A programação está dividida em actividades dentro do palco, com cinco óperas em português, que vão ocupar salas como o Coliseu do Porto, o Teatro do Bolhão e o Teatro Helena Sá e Costa; e actividades fora de palco, desde espectáculos em estações de metro a workshops, aulas de canto e uma exposição.
Ópera em português, dentro de portas
“Tendo o Porto, actualmente, pouca ópera, a programação deste festival teria que ser ecléctica: tem que ter contemporâneo, mas também tem de ir à ópera de repertório, que é a ópera que se canta já há muitos anos”, explica Teresa Nunes à Time Out, acrescentando que o festival conta com cinco óperas em palco e começa e termina com obras dedicadas a mulheres consideradas heroínas de Portugal.
O FIATO arranca na quarta-feira, 13 de Novembro, às 21.00, no Coliseu do Porto, com a opereta Maria da Fonte, uma co-produção com o Teatro Nacional de São Carlos e o Teatro do Eléctrico. Trata-se de “uma opereta cómica, sendo que a Maria da Fonte é uma figura que simboliza a resistência popular em Portugal e é uma figura do Norte”, refere a directora criativa. Os bilhetes para este espectáculo custam entre 22,50€ e 30€.
Já no dia seguinte, a 14 de Novembro, a Inestética Companhia Teatral traz ao Teatro do Bolhão Manifesto Nada, “uma ópera-manifesto contra e a favor de tudo e decididamente sobre nada”, com música de António Sousa Dias. No Teatro Helena Sá e Costa, a 15 de Novembro, às 21.00, a AREPO - Ópera e Artes Contemporâneas apresenta O Fauno das Montanhas, uma ópera inspirada num filme mudo de 1926. Rui Pinheiro, o director musical, vai acompanhar e narrar este filme mudo português, do cineasta madeirense Manuel Luís Vieira.
No último dia do FIATO, a 16 de Novembro, a companhia Ópera Isto leva a peça Serena Serenata ao Coliseu do Porto, às 11.00, destinada aos mais pequenos e às suas famílias. Mais tarde, às 21.00, o Teatro do Bolhão recebe o espectáculo de encerramento do festival, Torre da Memória, do Quarteto Contratempus. "É uma ópera sobre o mar e está escrita a partir de testemunhos da comunidade piscatória. É uma tragédia que exalta também o papel da mulher nesta comunidade”, acrescenta Teresa Nunes.
Ópera na rua
A ópera vai também sair fora das quatro paredes das salas de espectáculo e instalar-se em lugares comuns, do quotidiano, de acesso livre. Uma das actividades previstas durante a semana do festival é a Ópera à Moda do Porto, que vai decorrer em vários horários, entre os dias 11 e 15 de Novembro, na estação de comboios de São Bento, na estação de metro da Trindade e do Bolhão, no Shopping Via Catarina e num autocarro da STCP estacionado na Praça D. João I.
Neste projecto, Ricardo Alves foi convidado a criar cinco sketches inspirados nas figuras típicas do Porto e a apresentá-los em locais emblemáticos da cidade. O espaço público vai transformar-se num palco inesperado, onde vai poder ouvir árias e conjuntos de óperas conhecidas. Enquanto o FIATO será bienal, explica Teresa Nunes, a intenção é que a Ópera à Moda do Porto aconteça todos os anos.
Há ainda outras actividades, como aulas de canto (10€) ao longo de todo o festival, um workshop gratuito de saúde vocal no Coliseu do Porto (16 de Novembro, às 14.00), um open mic na Casa da Beira Alta, dia 16 às 22.00, a exposição “Ópera Expandida, também na Casa da Beira Alta” e ainda uma festa de encerramento com as DJ Shuggah Lickurs, no espaço Maus Hábitos. A programação completa do festival pode ser consultada online.
Teresa Nunes acredita que com o crescimento do FIATO, as várias estruturas de ópera vão começar também a perceber que há um espaço que pode receber as suas produções, que muitas vezes enfrentam grandes dificuldades para conseguirem levar os seus espectáculos a mais sítios. E que assim também a população volta a criar uma ligação com a ópera.
“Parecendo que não, ainda há uma parte grande da comunidade que acha que o seu lugar não é dentro de uma sala de espectáculos e isso é um problema, não só para a ópera, mas para as artes cénicas em geral”, refere, acrescentando que o grande objectivo é levar a ópera às pessoas: “Não fazemos o festival para nós próprios, é para a comunidade, para começar a criar um espaço para a ópera”.
+ Scorpions confirmados no MEO Marés Vivas 2025
+ No Cervelogia, Braga come francesinhas “mais à moda do Porto” (e muito schnitzel)