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A 17 de Março, estreia na Disney+ o filme Estrangulador de Boston, uma produção que junta Keira Knightley e Carrie Coon no papel das jornalistas que estavam quase sempre dois passos à frente da polícia num caso que atemorizou as comunidades locais, principalmente mulheres que viviam sozinhas.
Ainda antes de ter sido inventado o termo 'assassino em série', já eles andavam por aí a infernizar vidas. O famoso caso, pelo menos nos EUA, do Estrangulador de Boston, que aconteceu no início da década de 60 do século passado, é uma dessas situações, divulgada então pela primeira vez no jornal Record American, pela mão das jornalistas Jean Cole e Loretta McLaughlin. Um feito na altura, já que os meios de comunicação social, e o mundo em geral, eram ainda mais dominados pelos homens do que hoje em dia.
Foi entre 1962 e 1964 que mais de uma dúzia de mulheres solteiras, entre os 19 e os 85 anos, foram assassinadas na zona de Boston. E o novo filme Estrangulador de Boston, que estreia na Disney+ a 17 de Março, recupera o trabalho desenvolvido por Jean e Loretta, que conseguiram descortinar algumas das mais importantes pistas, ao contrário da polícia de Boston, que inicialmente nem considerou que os vários assassinatos de mulheres pudessem estar interligados.
A história já deu um livro, escrito por Gerold Frank, e pelo menos dois filmes – um de 1968, protagonizado por Tony Curtis, no papel do assassino, e Henry Fonda, o polícia. Mas as duas jornalistas não mereceram destaque nessas produções. Agora Keira Knightley (Loretta McLaughlin) e Carrie Coon (Jean Cole) tomam as rédeas do enredo, na companhia dos actores Chris Cooper (Jack MacLaine), Alessandro Nivola (detective Conley) e David Dastmalchian (Albert DeSalvo).
O homem do leme desta produção é Matt Ruskin, que escreve e realiza mais um filme inspirado numa história real, depois de Crown Heights, longa-metragem premiada no Sundance Film Festival, sobre Colin Warner, que foi injustamente condenado por um assassinato. Numa conferência de imprensa virtual onde a Time Out marcou presença, o realizador recorda como congeminou o argumento de Estrangulador de Boston. "Sempre ouvi falar do Estrangulador de Boston, mas na verdade não sabia nada sobre o caso. E então comecei a ler tudo o que pude e encontrei um mistério cheio de camadas e reviravoltas. Quando descobri a Loretta McLaughlin e a Jean Cole, percebi que foram as primeiras repórteres a ligar os assassinatos e a dar o nome ao Estrangulador de Boston durante o curso das reportagens. Senti que essa era uma maneira realmente convincente de revisitar o caso”, explicou. Numa nota curiosa, Ruskin, natural de Boston, conta que conseguiu falar com as famílias das duas jornalistas, depois de ter percebido que uma amiga sua era, na verdade, neta de Jean Cole.
Esta é uma produção da 20th Century Studios (actualmente propriedade da Walt Disney), em parceria com duas produtoras muito particulares. Por um lado, temos a Scott Free Productions, fundada nos anos 70 pelos irmãos Tony e Ridley Scott, este último bem conhecido por filmes como Perdido em Marte, Gladiador, Telma e Louise, Blade Runner e Alien, entre muitos outros filmes e séries (Raised by Wolfes, The Good Wife). Por outro, temos a LuckyChap Entertainment, fundada por Margot Robbie, Tom Ackerley e Josey McNamara em 2014 e focada em produções que dão destaque a histórias de mulheres.
As protagonistas da série sublinham a importância de virar os holofotes para o trabalho de Loretta e Jean. "É uma maneira realmente interessante de contar a história de um assassino em série, através do ponto de vista dessas duas jornalistas. E o facto da maioria das pessoas não saber que foram duas mulheres que revelaram a história e que foram praticamente apagadas da história", lamentou Keira Knighley, sublinhando ainda que foram estas duas mulheres que “alertaram as mulheres de Boston do perigo e como se podiam proteger”. Carrie Con concorda: "Sim, essa foi a parte mais chocante para mim, que essas mulheres tenham sido tão essenciais para resolver o caso e forçar a polícia a partilhar informações e os seus nomes nunca são associados ao caso.”
Em Portugal, esta história não é conhecida, pelo menos em grande escala, o que confere aos telespectadores duas hipóteses: ou assistem ao filme completamente às escuras, isto é, sem uma pesquisa prévia do desenrolar desta história verídica; ou fazem o trabalho de casa e ficam a conhecer os meandros da investigação, jornalística e também policial, e ainda o que o futuro reservou a Jean Cole e Loretta McLaughlin.
Disney+. Estreia a 17 de Março (Sexta-feira)
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