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“Foram 119 anos de história”. Armazém dos Linhos obrigado a sair de Passos Manuel

Senhorio moveu acção de despejo e edifício onde se localiza a loja centenária foi vendido a grupo francês. Mais lojas históricas na mesma rua também vão ter de mudar de morada.

Ana Catarina Peixoto
Jornalista, Porto
Armazém dos Linhos
©Marco DuarteLeonor e Filipa Pinto Basto não deixaram esta loja morrer em 2011
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Em 2011, numa altura já difícil para o comércio local, o Armazém dos Linhos, localizado em plena baixa do Porto, estava em vias de fechar. Leonor e Filipa Pinto Basto puseram de lado a arquitectura, arregaçaram as mangas e decidiram fintar o destino e ficar com a loja centenária, mantendo a sua traça original. Mas, há quatro anos, o estabelecimento enfrentou uma nova luta: o senhorio moveu uma acção de despejo e vendeu alguns prédios da Rua de Passos Manuel a um grupo francês. O processo foi difícil e longo. E, 119 anos depois, o Armazém dos Linhos vai mesmo ter de sair de um espaço com muita história, bem como outras lojas históricas de tecidos que estão na mesma rua.

"É com resignação que informamos que a nossa loja, localizada no coração da cidade do Porto, vai mudar de morada. Foram 119 anos de história, na Rua de Passos Manuel 15, que acompanharam gerações de portuenses e visitantes", informaram as responsáveis do Armazém dos Linhos numa publicação nas redes sociais, depois de o Jornal de Notícias ter avançado que tanto esta loja histórica, incluída no programa Porto de Tradição, como outros dois estabelecimentos vão ter de sair até ao final do ano da Rua de Passos Manuel. 

O desfecho deste processo, acrescentam Filipa e Leonor, ficou "muito aquém" do ambicionado e "o sonho de adquirir o espaço e de se manterem no local foi impossibilitado pela especulação imobiliária que se faz sentir", afirmando que "o novo empreendimento projectado para aquele quarteirão não contempla a manutenção deste património comum".

Ao JN, as responsáveis dizem ainda que sentiram uma "pressão brutal" e que, face ao "risco de perder a loja e a indemnização", decidiram ceder a um acordo e sair daquele espaço nos próximos meses, estando neste momento à procura de uma nova morada a um valor que seja sustentável para o negócio. "Prometemos reabrir num outro espaço, procurando nesta mudança encontrar um equilíbrio entre passado e futuro, com novos projectos e sonhos", sublinham.

Mas esta não é a única loja histórica que vai ter de sair dos edifícios da Rua de Passos Manuel. O mesmo destino terá a Benedito Barros, ligada ao sector do retalho e também incluída no Porto de Tradição, que vai deixar este espaço em Setembro. Raúl Martins, o responsável, relatou ao JN, além da "pressão" dos investidores, a falta de condições vividas neste espaço, incluindo momentos em que chegou a chover dentro da loja. O negócio vai agora mudar-se para o Beco de Passos Manuel, a poucos metros da actual loja. 

Também a loja Butikão, de Laura Rodrigues, aberta em 1975, recebeu ordem de despejo, mas ainda não chegou a acordo com o grupo francês. 

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