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INMUNE leva à BoCA peça sobre a resistência das mulheres negras

Escrito por
Maria Monteiro
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É performance, é spoken word, mas é sobretudo a “chegada a um lugar de morte onde renasce alguma coisa”. Quem o diz é Zia Soares, vice-presidente do INMUNE – Instituto da Mulher Negra em Portugal e criadora deste espectáculo, Gestuário II, que se apresenta no Maus Hábitos no sábado 16, inserido na segunda edição da BoCA – Biennial of Contemporary Arts.

A também actriz e directora artística do Teatro Griot investigou os rituais fúnebres das mulheres negras em África para construir uma peça sobre a “ambivalência da mulher entre o nascimento e a morte”. “A mulher gera vida, mas também é quem lava e veste os mortos”, refere.

A resistência à “condição de silenciamento e individualidade” que é ser-se mulher e negra está no centro da peça e da missão do INMUNE. Fundada em Lisboa por 27 mulheres negras de diferentes áreas profissionais, a organização define-se como feminista interseccional e anti-racista. Os objectivos são divulgar a herança e cultura negras em Portugal e promover a luta contra a opressão das mulheres negras.

Realidade que Zia Soares descreve como “um sítio de soterramento a partir do qual se pode criar”. “É como na cidade – o betão acontece, mas há sempre uma planta que nasce no meio do passeio.” Gestuário II é interpretado por quatro membros do INMUNE e segue a linha da primeira apresentação pública do colectivo, em Outubro – em vez de uma conferência convencional, realizou-se a performance Gestuário I.

Esta dinâmica espelha a busca de novas linguagens para passar uma mensagem onde as palavras perderam força, nota Zia. “Precisamos de um novo léxico, gestuário e som para entender as coisas de outra maneira e chegar a um sítio um bocadinho melhor.” O recurso às artes e à cultura, áreas que ocupam um dos oito departamentos do grupo, revelam-se “uma ferramenta fundamental” para a sua missão.

A presença do INMUNE na BoCA fica completa na sexta 15 às 19.00 com a conferência Descolonizaaaaarte!, que decorre na mala voadora e é encabeçada por Joacine Katar Moreira, presidente do grupo. Também mais performativa do que académica, esta comunicação abordará temas como o colonialismo, o machismo e o racismo.

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