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Há mais microplásticos (partículas inferiores a cinco milímetros que resultam da fragmentação de plástico) no estuário do rio Douro do que larvas de peixe (peixe recém-eclodido). Esta conclusão é o resultado de um estudo desenvolvido pelo Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), recentemente publicado na revista científica Science of the Total Environment, que implicou a recolha mensal de amostras e apontou para um rácio médio de uma larva para 1,5 partículas de microplásticos.
Sandra Ramos, investigadora do CIIMAR e responsável pela coordenação do artigo, explicou à Lusa que os estuários possuem “a capacidade de maximizar a sobrevivência destes estados de desenvolvimento bastante vulneráveis e há muitas espécies marinhas que os utilizam como local de berçário para as larvas ou para os peixes juvenis”, pelo que o surgimento de microplásticos é "potencialmente perigoso".
Entre os problemas associados está a possibilidade de confusão destas partículas com alimentos, o que pode levar à sua ingestão, mas também “a ocupação destes materiais no espaço da coluna de água e a competição entre os animais por espaço e luz", aclarou. Estes dados, contudo, não apresentam apenas problemas para as larvas de peixe, “mas também para toda a comunidade e para todas as zonas que dependem do estuário, neste caso, a zona costeira adjacente", acrescentou Sandra Ramos.
A equipa do CIIMAR prevê agora iniciar um novo estudo, cujo foco serão as "fontes de contaminação" e a análise aprofundada às larvas de peixe, de modo a compreender se os animais ingerem ou não as partículas de plástico.
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