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“Lembro-me de ter sete ou oito anos e de pôr os meus vizinhos a apanhar lixo comigo”, ri. De olhos no passado, Ana Milhazes recorda que desde pequena se preocupa com questões ambientais. Incentivou a vizinhança, fez parte do Clube do Ambiente da escola e, em casa, a reciclagem e o vegetarianismo tornaram-se modos de vida.
Apesar da ligação à natureza – Ana nasceu na Póvoa de Varzim, mudou-se para Vila Nova de Gaia, mas nunca perdeu a ligação à praia e ao mar – a maior parte do seu tempo era passado no escritório. “Trabalhei quase dez anos como formadora, software tester e gestora de projecto na área de sistemas de informação”, descreve.
Em simultâneo, com a agenda cheia, começou a praticar e a dar aulas de ioga e a pesquisar sobre o minimalismo. Foi por essa altura que descobriu o conceito de desperdício zero. “Como é que uma pessoa que se preocupa com o ambiente faz tanto lixo?”, questionou-se. Investigou e descobriu o livro Zero Waste Home, de Bea Johnson, e aplicou as premissas da autora no seu dia-a-dia.
Em 2016 criou um grupo de Facebook para “fomentar a partilha de experiências”. As expectativas não eram altas, mas a adesão surpreendeu-a. Em três anos, juntaram-se cerca de 6500 pessoas e formou-se um movimento a nível nacional. Hoje, Ana Milhazes dedica a maior parte do seu tempo ao Movimento Lixo Zero Portugal.
Limpezas de praias, acções de sensibilização para a redução de plástico, dicas para a redução do consumo e aconselhamento de produtos sustentáveis são algumas das áreas que aborda nos seus workshops, que já aconteceram em espaços como o hostel Selina, o Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC) ou o festival EcoPorto, e em palestras em escolas e empresas. “Tenho tentado envolver a comunidade”, explica. Tudo porque quer uma cidade, um país e um planeta mais limpos.
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