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Quis ser professora, mas a curiosidade, aliada aos CDs e aos livros da série Era Uma Vez O Corpo Humano, falou mais alto. “Os meus pais costumam dizer que eu não parava de os questionar. Perguntava, por exemplo, o porquê das manchas pretas na pele das vacas”, descreve divertida.
À procura de respostas, Joana Caldeira foi estudar Microbiologia para a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto. Já licenciada, voou para Sevilha com uma bolsa de investigação e por lá ficou durante dois anos até concluir o Doutoramento misto no IPATIMUP, em 2012.
Desde então, dedica os seus dias à investigação, nos laboratórios do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S). Em simultâneo, cumpre também o seu desejo de infância, dedicando parte do seu tempo à comunicação da ciência, participando, sempre que possível, em palestras em escolas e na Mostra da Universidade do Porto, e desempenhando o papel de mentora na Universidade Católica.
O projecto CRISPR4DISC valeu-lhe 15 mil euros e o Prémio L’Oréal “Mulheres na Ciência”. Trata-se de uma investigação que tem como objectivo regenerar os discos intervertebrais, um conjunto de articulações que dão flexibilidade à coluna e a ajudam a suportar o peso do corpo. A sua degeneração é responsável pela dor lombar.
“A nossa estratégia é utilizar uma tecnologia de edição genética que funciona como um processador de texto. Nós chegámos às ‘letras’ do ADN e podemos apagar, escrever de novo ou colocar a negrito para ficarem mais visíveis. Assim voltamos a expressar genes do microambiente que existia nos fetos, que tem um maior potencial regenerador”, explica Joana.
O estudo ainda não terminou, mas, caso os resultados sejam os esperados, 70% da população mundial poderá viver mais anos com qualidade de vida e cerca de 150 mil milhões de euros, gastos anualmente em despesas de saúde e baixas médicas, poderão ser poupados.
+ Herói Local: Ana Milhazes, fundadora do Movimento Lixo Zero Portugal