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“Não tinha noção de quanta bioquímica cabia no simples acto de comer uma maçã.” É assim que Susana Soares recorda os tempos anteriores a 2001, antes da licenciatura em Bioquímica na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).
“Entrei em contacto com o Professor Victor de Freitas, que já me tinha dado aulas e que me abriu as portas do laboratório”, relembra. Depois de as atravessar, nunca mais de lá saiu. Frequentou o mestrado, também em Bioquímica, depois, o doutoramento e, nos últimos anos, dedicou-se à investigação. De 2008 até hoje, tem trabalhado em vários projectos.
Um deles chama-se FoodNanoSense e mereceu o prémio “Wartburg Excellence Award in Flavour Research 2019”, durante a conferência “12th Wartburg Symposium on Flavor Chemistry & Biology”, na cidade de Eisenach, na Alemanha. Desenvolvido no Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV/REQUIMTE) da FCUP, o projecto tem como missão conhecer as propriedades sensoriais desagradáveis, mas benéficas para a saúde, de alimentos vegetais, como a adstringência e o amargor.
Qual é o objectivo? Descobrir quais os compostos químicos responsáveis por estas características e, ao mesmo tempo, de que forma é que o ser humano as detecta. “Modificar estas propriedades” de forma saudável, isto é, sem “substâncias potencialmente não benéficas para a saúde, como os açúcares e os edulcorantes” é outro dos objectivos, explicou a investigadora.
O vinho, o chá, o café, a couve branca e a cebola roxa são exemplos de ingredientes sob investigação. Prémios à parte, para Susana Soares, fazer com que os vegetais “passem a integrar a alimentação dos jovens” é o mais importante. “Estas questões constituem, a longo prazo, uma questão de saúde pública”, conclui.
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