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Investigadores do Porto criam produto para combater doenças em peixes de aquacultura

Escrito por
Patrícia Santos
Peixe
© Erwan Hesry/ Unsplash
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Cerca de 50% da produção em aquacultura tem como objectivo final o consumo humano. Tendo esta premissa em mente, um grupo de investigadores da Universidade do Porto está a conduzir um projecto, chamado SNACk, que consiste em desenvolver um produto para integrar rações desta indústria. Este é composto por bactérias benéficas para a saúde dos peixes, capazes de combater as principais doenças bacterianas associadas a estas espécies e, acreditam, pode ser chave para melhorar a saúde pública. 

A ocorrência de doenças bacterianas nos animais produzidos em aquacultura é frequente e implica perdas económicas globais que superam os 3,5 milhões de euros. Quem o diz é Rafaela Santos, investigadora do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR), em declarações à agência Lusa. Essas doenças relacionam-se com o uso desadequado de antibióticos, que podem resultar na acumulação de bactérias em produtos usados na alimentação humana, esclareceu.

Rafaela explicou ainda que os investigadores envolvidos no projecto descobriram "novas bactérias probióticas, capazes de antagonizar os mais importantes organismos patogénicos causadores de doenças de peixes". Essas bactérias, capazes de combater doenças como a vibriose, a furunculose e a pseudotuberculose, bastante comuns em peixes de aquacultura são, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), "organismos vivos que, quando adicionados à dieta, em quantidades adequadas, fornecem benefício para a saúde do hospedeiro", revelou a investigadora. A melhor parte? São “facilmente incorporáveis em rações para peixe”.

Estas bactérias originam ainda esporos, estruturas de elevada resistência, que permitem às mesmas “sobreviver às elevadas temperaturas e pressões aplicadas nos processos de produção de ração para peixes, bem como atravessar todo o trato gastrointestinal, até ao intestino, sem perder as suas características".

Para incorporar estes probióticos nas rações será necessário realizar testes 'in vivo', em três espécies de peixes distintas, e em condições de cultivo também diferentes, relativamente a questões de salinidade e de temperatura da água da aquacultura. "Só depois será possível elaborar um dossiê para submeter à aprovação pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA), permitindo a sua incorporação em dietas comerciais", concluiu Rafaela.

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