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Durante uma década, o artista plástico Alexandre Estrela foi vizinho do ex-ministro Manuel Pinho que, entre 2005 e 2009, ocupou o cargo de Ministro da Economia e da Inovação no governo de José Sócrates - e que viria a ser suspeito por corrupção e branqueamento de capitais no caso EDP, em 2017. Em 2015, o artista encontrou dezenas de livros que o ex-ministro deixara num contentor junto à sua casa, na Rua Saraiva de Carvalho, em Lisboa.
Eram cerca de 40 títulos, na sua maior parte de economia e gestão, embora houvesse também livros do ambientalista James Lovelock ou um álbum autografado do artista Lawrence Weiner. Depois de os resgatar do lixo, Alexandre Estrela dirigiu-se à biblioteca do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (ISEG), onde entregou parte do espólio, confiando a selecção de 25 volumes aos bibliotecários da instituição.
Mas, antes de irem parar à biblioteca, os livros já não eram meros livros. Haviam sido carimbados a vermelho com um explícito Lixo de Pinho e, assim, transformados em arte através de um gesto visionário. Dele, resultaria a exposição do mesmo nome, patente no Sismógrafo até 25 de Janeiro, onde se mostram 23 livros do conjunto recolhido pelo artista.
Os livros expostos foram abertos e colados na parede, onde o artista acrescentou, “numa das páginas iniciais, uma xilogravura na qual se observa um fragmento de uma tábua em madeira de pinho”, escreve o curador, Óscar Faria, em nota de imprensa. Depois de terminada a exposição, os 23 livros deverão seguir o caminho dos anteriores até à biblioteca do ISEG, para ali terem uma segunda (longa) vida.
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