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Mira Mira que coisa mais linda. O novo restaurante de Ricardo Costa revela o lado descontraído do chef

Tem dois menus de degustação: um vegetariano e outro que vai “num doce balanço a caminho do mar”. Mas não só.

Mariana Morais Pinheiro
Directora Adjunta, Porto
Ricardo Costa
©DRRicardo Costa
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Soa quase como uma interjeição, como se alguém a todo o momento nos quisesse alertar para o que não podemos perder. “Mira, mira os barcos no Douro, a navegar”; “mira o casario do Porto visto daqui, tão bonito”; “mira o pôr-do-sol seráfico, a ponte D. Luís, os telhados alaranjados dos armazéns gaienses que guardam o vinho”. “Mas mira, sobretudo, a comida que aqui se faz”. Desde meados de Abril que o restaurante Mira Mira, no WOW, tem assinatura de Ricardo Costa, o chef galardoado com duas estrelas Michelin no restaurante gastronómico The Yeatman, e que neste novo espaço apresenta dois menus de degustação mais informais e descontraídos, sem, contudo, esquecer a alta cozinha que o caracteriza.

Aqui encontram-se “pratos complexos a nível de sabor, mas visualmente mais simples, com três ou quatro coisas por prato”, explica o chef, acrescentando que a ideia “é que a experiência seja divertida, num espaço moderno, cheio de luz”. “Este sítio inspirou-me a ser um pouco diferente. Diferente do que fazemos no The Yeatman e do que se faz nos outros 12 restaurantes aqui do WOW, além dos de Gaia. Ou seja, criamos aqui uma mistura de fine dining mas sem ser muito forçado, uma alternativa ao The Yeatman, com um bom serviço de vinhos, um bom serviço de sala e com estas vistas”.

Salmonete com polvo, pimentos e salada Primavera/Mira Mira
©DRSalmonete com polvo, pimentos e salada Primavera/Mira Mira

A aposta vai para os peixes e mariscos, “uma vez que estamos ao lado do Atlântico”, continua o chef, que apresentará também pratos de carne, assim como um menu de degustação integralmente vegetariano (150€/pessoa). “Vai ser um pouco mais diverso, mais cosmopolita, com uns apontamentos asiáticos, uns dashis, uns fermentados, será um pouco para me divertir também”, ri. O menu, chamado Colheita, por causa da ligação do grupo The Fladgate Partnership, que detém o WOW e o The Yeatman, ao vinho, arranca com uma série de aperitivos servidos no bonito terraço.

Uma reinterpretação do clássico fish & chips, uma bola de Berlim com queijo, tarte de chalota com foie gras e um apetitoso e refrescante caldo de mariscos servem de preâmbulo a pratos que piscam o olho à gastronomia portuguesa e se adaptam às estações do ano, consoante a disponibilidade dos seus ingredientes. Mollejas com Bloody Mary e acelga; um canelone de pepino fermentado com santola e japapeños (uma pedrada no charco surpreendente que espevita os sentidos); um dashi com pele de frango crocante, lagostim e maçã verde; e um salmonete acompanhado de polvo, pimentos e salada Primavera são servidos antes do solene momento em que o pão artesanal e caseiro, a manteiga e o azeite se assumem como as estrelas principais.

Canelone de pepino fermentado com santola e japapeños
©DRCanelone de pepino fermentado com santola e japapeños

Num terceiro acto, chegam à mesa dois pratos principais: o bacalhau com feijoada, camarão da costa e óleo de chouriço; e o borrego de leite com beringela, romesco e cebolinha. Depois, o esperado final apoteótico, aqui representado por uma série de sobremesas que merecem uma ovação de pé, como os ovos-moles nitro (uma homenagem a Aveiro, onde Ricardo Costa nasceu); a muito bem conseguida laranja sanguínea com açafrão e pistáchio e ainda um taco de chocolate. O menu de oito pratos custa 150€/pessoa, mas se vir que prefere uma refeição mais leve, pode sempre optar pelo que se desenrola em quatro momentos (80€/pessoa).

Há ainda a possibilidade de provar alguns destes pratos à carta, assim como outras sugestões, como o à Brás de lavagante com salsa e azeitona (75€); a vaca velha com natas ácidas e especiarias (45€) e a sobremesa que leva toffee, cacau e fava tonka (28€). A acompanhar, há propostas vínicas produzidas pelo grupo The Fladgate Partnership, assim como outras de pequenos produtores, que apresentam vinhos biológicos e provenientes de agricultura regenerativa, sobretudo das regiões do Dão e da Bairrada.

Mira Mira
©DRMira Mira

Rua do Choupelo, 132 (Vila Nova de Gaia). 22 012 1200. Qui-Seg 19.00-22.00.

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