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Shanny recebe-nos à porta de sorriso rasgado, como se há muito nos esperasse. Tem uns olhos castanhos amendoados, cativantes, um sorriso expressivo e longas rastas que lhe dão pinta e graciosidade. Nascida em Jerusalém há 30 anos, decidiu há seis meses, juntamente com o namorado Guil, deixar a cidade de Telavive, em Israel, onde ambos moravam, para assentar arraiais no Porto.
“Há três anos tirámos o passaporte português. Temos a cidadania portuguesa, mas não temos familiares em Portugal. O Estado português dá essa facilidade”, conta, referindo-se à lei que desde 2015 permite a descendentes de judeus sefarditas obter a nacionalidade portuguesa através da naturalização.
“Nós viajamos imenso e sabíamos que queríamos sair de Israel. O Guil não queria o frio de um país nórdico e, por isso, quando cá chegámos pensámos: ‘é isto’ e apaixonámo-nos pela cidade. O Porto não é como Lisboa, que é uma cidade muito grande. O Porto tem mais este ar de vila pequena onde todos se conhecem. As pessoas são muito acolhedoras e o tempo é maravilhoso, muito parecido com o de Israel”, sorri.
A senhora a quem compram os frescos na mercearia da esquina é a prova desta proximidade. No Monteen, aberto desde Novembro no Largo do Dr. Tito Fontes, fazem uma cozinha mediterrânica, influenciada por sabores israelitas, recorrendo aos ingredientes mais frescos da época. “O Guil trabalha na cozinha desde os 16 anos. Já passou por muitos restaurantes em Israel, tem muita experiência. E eu trabalhei durante sete num restaurante vegan e orgânico. Fui a responsável pela abertura do Deli do espaço”, conta Shanny, acrescentando que sem experiência não abririam um espaço de comida. “Não seria lá muito inteligente da nossa parte”, ri.
A carta divide-se em quatro etapas: os mazets, pequenas porções que funcionam como um couvert generoso; as entradas, boas para partilhar; os pratos principais, mais compostos; e, por fim, as sobremesas. “Não fazemos uma comida tipicamente tradicional, mas sim de fusão. Gostamos de lhe dar um twist, de brincar com os sabores. Pegamos nos ingredientes daqui e misturamos-lhes as nossas especiarias. Trouxemos muitas de Israel.”
Húmus, pickles caseiros, baba ghanoush e labneh, um queijo feito com iogurte grego, compõem os mazets que abrem o apetite e a refeição (2,50€/unid.). A focaccia caseira (3,50€), a couve-flor frita com limão picante, tomate, cebola, tahini e coentros frescos (6€), a beringela flamejada (5€) e o ceviche de dourada com ameixa, pepino e ervas aromáticas, servido com iogurte de manga caseiro (8€), são alguns dos pratos pensados para partilhar.
Se não estiver numa de dividir comida com ninguém (percebe-se que queira comer tudo sozinho), peça o kebab à Monteen — o restaurante foi baptizado com a alcunha da avó de Shanny que, em hebreu, significa sorte. É feito com carne de vaca, pão pita caseiro, amba, que é um puré de manga, pickle de couve, tahini e salsa (15€). Acompanhe tudo com um dos muitos cocktails disponíveis e saborosos, como o Arak, com gin, hortelã e limão (7€), ou com vários vinhos e cervejas portuguesas. Para rematar a refeição, peça o israelita malabi com pistáchio e água de rosas (4€) ou a mais internacional e muito viajada torta de chocolate (6€).
Largo do Dr. Tito Fontes, 147 (Porto). 22 099 3983. Qua-Qui 17.00-22.00. Sex-Sáb 12.30-16.00; 18.00-22.00. Dom 12.30-17.00.
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