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Mostra Estufa: há circo contemporâneo a crescer no Teatro Municipal do Porto

A Mostra Estufa está de volta ao Teatro do Campo Alegre para a sétima edição, com três criações de circo contemporâneo que vão ser apresentadas a 29 e 30 de Dezembro.

Ana Catarina Peixoto
Jornalista, Porto
'Quem Anda Ao Sol', de Felipe Contreras e Miguel Brás
Ashleigh Georgiou'Quem Anda Ao Sol', de Felipe Contreras e Miguel Brás
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A funcionar como uma incubadora para projectos de circo contemporâneo e um lugar de experimentação artística, a Mostra Estufa está de volta para a sétima edição, com três criações de artistas internacionais a serem apresentadas no Teatro Campo Alegre, que integra o Teatro Municipal do Porto, esta sexta-feira e sábado, dias 29 e 30 de Dezembro. A iniciativa é da Companhia Erva Daninha, que se dedica há quase duas décadas a várias acções relacionadas com circo contemporâneo.

“Temos três projectos em três palcos distintos do Teatro Campo Alegre, por isso é também uma oportunidade para o próprio público fazer esta espécie de caminho pelo teatro”, sublinha à Time Out Vasco Gomes, director artístico e curador da Mostra Estufa. Além de um trajecto pelos vários espaços do teatro, esta iniciativa pretende também fazer um caminho da individualidade até ao colectivo, sendo que os três espectáculos são apresentados às 19.30 dos dois dias de mostra.

Cafelina, de Lucía Merlino, argentina a residir em Portugal, é um espectáculo que vai ser apresentado na Sala-Estúdio do TMP. Centrada no universo do café, e cruzando as artes visuais com o circo contemporâneo, a intérprete explora formas, máscaras e acrobacias que dançam, num “poema escrito com imagens de café”. A própria artista age como se fosse um moinho de café, “que mói os grãos, derrama-os numa tela branca e pinta em movimento”, informa a nota de imprensa. 

'Cafelina', da artista argentina Merlina
Clau Eliz Cobe DAnn'Cafelina', da artista argentina Merlina

O segundo espectáculo realiza-se no Café-Teatro. A dupla constituída por Felipe Contreras e Miguel Brás, um chileno e um português, usa em Quem Anda ao Sol o malabarismo e a música para explorar a questão da individualidade e de como os seres humanos conseguem ultrapassar as adversidades, quer de forma solitária ou na dimensão da partilha. “É a procura de uma harmonia neste convívio e é um projeto marcado com muito ritmo, com música ao vivo, com muita sincronia e que tem aqui um lado de malabarismo mais virtuoso, com muita coreografia e muito movimento”, destaca Vasco Gomes. 

Por fim, o terceiro espectáculo será apresentado no Palco do Auditório. O projecto internacional Chapitre 2: Ainsi Rugissent Les Fleurs (em português, Assim Rugem As Flores), da companhia francesa Cirque Lambada, examina “o absurdo dos rótulos sociais” através da técnica invulgar de um colectivo numérico pouco habitual na abordagem ao mastro chinês. “É um evoluir da Mostra Estufa, aqui também com o importantíssimo apoio do Teatro Municipal do Porto, que tem vindo a apostar nos jovens artistas e nas linguagens que continuam a emergir, neste caso mais específico do circo contemporâneo, que nem sempre tem palco dos teatros para ocupar”, reforça o director artístico, destacando que este projecto francês tem o apoio do programa Culture Moves Europe, organizado pelo Goethe Institut para a União Europeia.

O Cirque Lambda apresenta-se no Palco do Auditório, com 'Chapitre 2: ainsi rugissent les fleurs'
DRO Cirque Lambda apresenta-se no Palco do Auditório, com 'Chapitre 2: ainsi rugissent les fleurs'

O público quer muito ver circo contemporâneo”

A Mostra Estufa nasceu em 2018 e tem vindo a funcionar como um ciclo que acompanha o desenvolvimento e evolução de vários projectos de circo contemporâneo, para que os artistas tenham “as condições perto de ideais para desenvolverem o seu trabalho e apresentarem-no ao público”. Um público que, destaca Vasco Gomes, já tem um olhar próprio, “quer muito ver circo contemporâneo e procura muito estas linguagens e estes cruzamentos”.

Até porque, sublinha, fazer uma criação de circo para um espaço interior, com um palco, é diferente de fazer circo na rua. “Todas as condições de luz, do ambiente, o próprio conforto do público, a relação com o som e as técnicas de circo que podemos desenvolver no interior aumentam muito as possibilidades e a própria investigação. E é por isso que também queremos continuar nesta lógica de investigação e da experiência de novos caminhos, pegar no que já foi desenvolvido ao longo dos anos em circo, mas encontrar outros caminhos não tão óbvios, nem sempre tão fáceis de assimilar à primeira vista. Para isso precisamos, obviamente, desse tempo e desses palcos”. 

Teatro do Campo Alegre, Rua das Estrelas (Porto). 29-30 Dez, Sex-Sáb, 19.30. 7€ (bilhete conjunto)

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