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Mostra Estufa: o circo contemporâneo sobe ao palco do Teatro Campo Alegre

O Teatro Campo Alegre, no Porto, recebe a quarta edição da Mostra Estufa nos dias 26 e 27 de Novembro, com três projectos em estreia. Damos-lhe as coordenadas.

Escrito por
Mariana Duarte
Palco, Performance, Mellow Yellow
©DRMellow Yellow
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À quarta edição, a Mostra Estufa já ocupou um lugar de destaque na programação nacional de circo contemporâneo. Dirigido por Julieta Guimarães e Vasco Gomes, da companhia Erva Daninha, e em co-produção com o Teatro Municipal do Porto, este programa dá a conhecer artistas de diferentes técnicas, linguagens e contextos, procurando estimular a partilha de processos de investigação e criação de espectáculos em work in progress. “Mostramos três projectos em fase de desenvolvimento, todos eles em etapas distintas”, diz Vasco Gomes. “Tal como o nome indica, é uma estufa, um lugar onde há espaço para experimentar.”

Cada trabalho tem enfoque numa técnica específica. Mellow Yellow reúne Juri Bisegna, Ottavio Stazio e Ricardo S. Mendes, três artistas com áreas de formação distintas – circo, dança e teatro, respectivamente – que aqui cruzam o malabarismo com a dança e a manipulação de objectos. Memória é uma co-criação do português Bruno Machado, director artístico e cofundador do INAC – Instituto Nacional de Artes do Circo, e do costa-riquenho Mauricio Jara, artista e professor especializado em pinos, actualmente a viver em Portugal.

“O Mauricio é um especialista de nível internacional nesta técnica, e aqui, juntamente com a visão do Bruno Machado e o trabalho de vídeo e design da Ashleigh Geogiou, apresenta um projecto que vai mais para o lado mental. Vai jogar muito com as rasteiras que a nossa mente nos coloca”, descreve Vasco Gomes. “Usa-se o circo um pouco como a metáfora do nosso cérebro.” Esta peça conta com composição musical do cantautor brasileiro Luca Argel.

Por fim, há Ferro à Ferrugem, projecto em que Alan Sencades, artista brasileiro radicado em Portugal, se dedica à manipulação e à coreografia da roda cyr. Ou seja, um anel com dois metros de diâmetro em que o performer se movimenta dentro dele e através dele. “O Alan traz-nos um trabalho que tem vindo a desenvolver nos últimos anos e que agora está na fase final. Trabalha muito com a ideia do tempo e qual o seu efeito nos materiais e no nosso próprio corpo”, refere o co-criador da Mostra Estufa. Além da roda cyr, outro objecto importante no espectáculo é o fagote, tocado ao vivo por Bárbara Lopes. “Vamos perceber o desmontar deste instrumento e do próprio som.”

Numa edição em que há criadores de várias nacionalidades, entre estrangeiros a residir em Portugal e portugueses a trabalhar lá fora, fica evidente que nos últimos anos tem crescido o trânsito dentro do circuito do circo contemporâneo. No caso de Portugal, muito têm contribuído as escolas com formações específicas nesta área, sobretudo a Norte. Mas este nomadismo sempre foi uma “característica” do circo, nota Vasco Gomes. “As pessoas sempre viajaram muito e sempre se misturaram muito. A própria evolução dos projectos assenta muito numa base de partilha”, afirma. “Nos últimos anos temos tido um movimento a crescer e, também por isso, faz sentido ter esta mostra.” No dia 28, a Mostra Estufa sai pela primeira vez do Porto para ir até ao Centro Cultural Malaposta, em Odivelas.

Teatro Campo Alegre (Porto). Sex e Sáb 19.30. 7€.

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