[title]
O Museu da História da Cidade está, a partir de hoje, aberto ao público com uma exposição sobre a região do Douro. Até 20 de Abril pode ver Douro [DWR] - 3 solos entre céu e terra no antigo reservatório de água do Parque da Pasteleira.
A curadoria está a cargo de Nuno Faria, director artístico do Centro Internacional das Artes de José de Guimarães, e Eglantina Monteiro, antropóloga. A exposição conta com o trabalho de vários artistas e especialistas de diferentes áreas que, ao longo dos anos, fizeram trabalhos sobre a região. Os colaboradores mais activos foram Pedro Jervell e Francisco Adão da Fonseca, do ateliê de arquitectura Skrei, os autores de algumas das peças expostas, e o enólogo e produtor Mateus Nicolau de Almeida.
Douro [DWR] - 3 solos entre céu e terra é "um retrato pouco convencional do Douro", explica Nuno Faria. A exposição é sensorial e conta com vários estímulos, feitos através de som e de materiais audiovisuais. O objectivo é abordar o que há de mais experimental na vitivinicultura, mas também recordar o passado. Isto é, "vai desde a experiência que os romanos tiveram a produzir vinho até aos dias hoje".
À entrada do museu vai encontrar um mapa da autoria de Barão de Forrester, onde está desenhada a área do Alto Douro Vinhateiro, e nas paredes uma breve explicação da exposição.
A Atómica Desejosa, da autoria dos Skrei, é uma das peças centrais da exposição. Feita em ferro preto, tem o formato de um átomo e o neutrão é um pedaço de pedra de xisto. Os arquitectos são também responsáveis pelas duas campânulas de cera onde os visitantes podem ouvir dois depoimentos. Um de Mateus Nicolau de Almeida, sobre as condições das pessoas que habitam e trabalham naquela região, e outro mais poético, onde são lidas passagens de obras de Miguel Torga, Agustina Bessa Luís, entre outros autores. Os visitantes são incentivados a colocar a cabeça no interior da campânula para conseguirem ter uma experiência mais imersiva.
A imagem é uma das dimensões mais importantes da exposição, por isso, no museu há várias projecções de fotografias e vídeos. As duas que abrem a exposição representam duas fases muito diferentes da produção de vinho. Uma, o mosaico romano que foi descoberto pelo arqueólogo Pedro Abrunhosa; outra, de Emílio Biel que, em 1905, fotografou um conjunto de trabalhadores depois de uma vindima. Além destas vai encontrar fotografias de Domingos Alvão, Duarte Belo e Lara Jacinto. Há ainda a possibilidade de assistir a um documentário sobre barcos rabelos de Adriano Nazareth.
Mas há mais: num dos corredores do museu vai encontrar uma estante com várias garrafas, onde o vinho foi substituído por amostras de diferentes tipos de solo que é possível encontrar no Douro. Ao fundo do corredor está também uma das instalações mais interactivas, um conjunto de folhas que representam as diferentes castas de vinho que existem no Douro. Além de as verem, os visitantes podem escolher as que querem projectar na parede.
Antes de estar no Porto, a exposição esteve no museu La Cité du Vin, em Bordéus, que anualmente convida um país produtor de vinho a criar uma exposição temporária sobre o assunto. Tal como aconteceu em França, por cá também está a ser planeado um programa paralelo. O museu vai ser palco de conversas e outras actividades, em que vão ser convidadas figuras de diferentes áreas relacionadas com o vinho. Se quiser ir visitar a exposição saiba que a entrada é livre e que o pode fazer de terça-feira a domingo das 10.00 às 18.00.