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É um dos encontros de referência das artes performativas em Portugal e está de regresso às cidades do Porto, Matosinhos e Gaia para a sua 9.ª edição. O Festival Dias da Dança (DDD) realiza-se de 23 de Abril a 4 de Maio e traz a reflexão e a partilha de histórias que, apesar de não terem uma temática fixa, envolvem temas como migração, trabalho e género. O programa conta com 27 espectáculos – 19 deles em estreia absoluta e nacional – e promove o (re)encontro coreográfico entre artistas e públicos com conversas e workshops.
Drew Klein, director artístico deste festival, explicou que o DDD não utiliza um quadro temático fixo este ano. "Ao invés, os temas começaram a surgir através dos artistas”, sublinhou durante a apresentação do festival, que decorreu esta quinta-feira, acrescentando que serão temas "que vão da brincadeira ao humor negro e subversão como forma de navegar num mundo cheio de conflitos”.
Este ano há 18 palcos distribuídos pelas três cidades – no Porto (Teatro Rivoli; TMP Café; Teatro Campo Alegre; Sala-estúdio e Café Teatro; Serralves; Palácio do Bolhão; mala voadora; CRL Central Eléctrica - Auditório e Blackbox; Mercado do Bolhão; Parque das Águas; Parque da Pasteleira e Bairro de São Vítor); em Matosinhos (Praça Guilherme Pinto e Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery) e em Vila Nova de Gaia (Auditório Municipal de Gaia e Parque Municipal da Lavandeira).
19 estreias nacionais e internacionais
O Dias da Dança arranca a 23 de Abril, com a estreia nacional de Os Gigantes, uma peça do coreógrafo Victor Hugo Pontes feita em parceria com a companhia Dançando com a Diferença (Teatro Rivoli, 21.30). A partir da última peça do dramaturgo Luigi Pirandello, Os Gigantes da Montanha, interrompida pela morte do autor, Victor Hugo Pontes trabalha sobre a ideia de que tudo o que acontece em palco é inacabado e o que se vê em cena pode ser só um sonho. “A mim interessa-me muito trabalhar o que é real, o que é sonho, o que é teatro e o que não é, o que é luz, o que é sombra...é trabalhar muito estes opostos”, refere à Time Out.
Ainda no dia 23, no Palácio do Bolhão, estreia também, a nível nacional, a peça Fugaces, da coreógrafa catalã Aina Alegre, com as danças e a energia da bailarina de flamenco Carmen Amaya. Já de regresso ao DDD está Gaya de Medeiros, que apresenta Cafezinho no Auditório Municipal de Gaia, no dia 24 de Abril. Neste espectáculo, um elenco de bailarinas, cantoras e músicos dos 23 aos 61 anos exploram a coreografia como uma tentativa de acordar a raiva.

Em Matosinhos, no Teatro Municipal Constantino Nery, o DDD arranca a 25 de Abril (17.00) com a estreia de OU, peça de André Braga e Cláudia Figueiredo, da Circolando - Central Eléctrica, com o moçambicano Panaibra Canda. Também com uma temática ligada a Moçambique estreia, a 3 de Maio, no Teatro Campo Alegre, a peça Vagabundos, de Ídio Chichava, com uma performance "na qual 13 intérpretes dançam e cantam músicas moçambicanas antigas e actuais”, lê-se na sinopse do espectáculo.
Em Matosinhos estará também Sónia Baptista, a 29 de Abril, com a estreia de KING SIZE, "um confronto entre os dispositivos de criação de performances drag contemporâneas com os códigos rígidos de representação de género na dança e no teatro tradicionais". Destaque ainda para a estreia nacional de VAIVÉM, de Camilo Mejía Cortes, no dia 3, também neste teatro. O artista colombiano analisa a relação intrincada entre o seu corpo e o género musical salsa, com o objectivo de revelar as múltiplas camadas que definem essa ligação.
Espectáculos, workshops e conversas
Além das estreias nacionais e internacionais, há também vários artistas que este ano pisam pela primeira vez os palcos do Dias da Dança. Fábio (Krayze) estreia-se no festival com Musseque, na mala voadora, a 24 de Abril, uma peça sobre as periferias de Luanda. Já a 29 de Abril, William Forsythe & Rauf, “Rubberlegz” Yasit, Matt Luck, Julia Weiss, Brigel Gjoka e JA Collective estreiam-se no Campo Alegre com Friends of Forsythe, uma peça que celebra a diversidade das culturas de dança e noção de união.

O festival encerra a 4 de Maio, no Rivoli, com a estreia nacional de Mont Ventoux, da companhia madrilena KOR’SIA, que revisita a obra que Francesco Petrarca escreveu em 1336, Ascesa al monte Ventoso, e que permite "aprender com o passado para a construção de um futuro melhor". Além de toda a programação de espectáculos, o DDD conta ainda com workshops e conversas feitos entre artistas profissionais e estudantes de artes performativas, no CAMPUS Paulo Cunha e Silva.
O festival contou com um investimento vindo de diversas entidades, nomeadamente da Câmara Municipal do Porto (mais de 600 mil euros); da Câmara de Matosinhos (45 mil euros); da Câmara de Gaia (30 mil euros) e de outras instituições privadas. “O DDD assume-se como um festival consolidado no circuito nacional e internacional das artes performativas”, sublinhou ainda o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, no último DDD organizado ao leme da autarquia, acrescentando que o evento do próximo ano também já está garantido.
A programação completa pode ser consultada na página do festival e os bilhetes estão à venda na bilheteira dos vários espaços de apresentação, bem como online, na Ticketmaster.
Vários locais (Porto, Matosinhos e Gaia). 23 Abr - 4 Mai. 7€-12€
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