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Num final de tarde quente e soalheiro, a recente esplanada do Delirium Café, no Jardim da Cordoaria, convida a uma cerveja fresquinha. E são vários os que põem a ideia em prática, como o grupo que assiste atentamente ao jogo do Euro, o rapaz que bebe um copo no final do dia de trabalho, ou a meia dúzia de amigos, de menu na mão, que planeia um jantar antecipado.
Ao entrarmos, esbarramos com a oferta: uma longa fila com dezenas de cervejas à pressão e uma estante embutida repleta de cervejas de garrafa (mais de 140, todas diferentes), para quem assim o preferir. Do outro lado do balcão, Ismael Tavares, um dos funcionários intensivamente formados na oferta das cervejas Delirium, diz-nos que o seu objectivo é “fazer com que quem acredita que não gosta de cerveja, saia daqui a saber que, simplesmente, ainda não tinha provado a indicada para si”. Será que consegue?
A marca belga Delirium existe desde o início do século passado e conta com dezenas de casas espalhadas pelo mundo inteiro. Segundo Carlos Nunes Santos, proprietário do espaço, “faltava na cidade um pouco desta oferta diferente, fora das marcas normais que já todos conhecemos, como o típico ‘fino’”. Mas se é "só um fino" o que o seu coração deseja, não se preocupe, aqui também há cerveja "regular", a um preço amigável, como a Campus (2,20€/25cl). No entanto, já que aqui está, recomendamos que expanda horizontes.
Quer saber qual é a grande sugestão da casa para nos convencer a embarcar nesta vertente boémia? São as cervejas de fruta, das variantes Mongozo e Floris. E, calma, que são muito diferentes da sidra. Há de maçã, framboesa, manga, coco (estranhamente semelhante a uma piña colada), banana, pêssego e ananás (4€). O seu trago é semelhante ao de um sumo tropical, com um kick final. Segundo Ismael, “estas são as que mais costumam surpreender os clientes”.
Para os amantes de uma cerveja rija, também não falta por onde escolher. Por exemplo, a Artevelde (4€), com 7.2% de percentagem alcoólica, ou a Guillotine, com 8.5%, à pressão. Se gostar muito, pode comprar logo uma garrafa inteira: além das Delirium, há Timmermans, Kasteel, Guinness, La Trappe, entre muitas outras. Para manter o estômago ocupado, há tapas. Uma delas muito especial, a “preferida dos clientes e da casa”, revela-nos Carlos Nunes Santos.
Uma tapa muito cobiçada
Por vezes, não há apetite ou ocasião que justifique comer uma francesinha inteira. Ora, o Delirium Café sabe disso e a carta confeccionada pelo chef Luís Américo traz-nos uma bela, quentinha, recheada e suculenta solução: meia francesinha, onde o bife fica de fora e os enchidos são a estrela principal, nunca poupando no queijo e no molho (7,50€). Conte também com pratos “à moda da casa”, como, por exemplo, um twist portuense na clássica street food canadiana poutine, que é composta por batatas fritas, queijo e molho de carne (7€).
Numa boa cervejaria também não poderiam faltar os clássicos de sempre. Para a cerveja descer bem, há tremoços (3,50€), amendoins (3,50€) e azeitonas (4,50€) para partilhar, entre outros. Mas se a barriga já estiver a dar horas, pode passar para os níveis seguintes. Têm pregos (7,5€), batata frita com picanha (18€), risoto de cogumelos (18€) e bacalhau no forno com broa e feijão preto (22€).
Em jeito de digestivo, há uma sugestão especial da casa: um shot de cerveja. “Temos sempre de avisar os clientes de que se trata de um shot mais suave, é suposto bebê-lo vagarosamente, para sentirmos as diferentes camadas”, revela-nos Ismael. Em cima da mesa, somos presenteados com o preparado: cerveja de frutos vermelhos, sumo de lima e licor de romã — camada a camada.
Pode deliciar-se na esplanada (aproveitar que o tempo está amigo); na primeira sala da entrada, cujas paredes foram adornadas por azulejos característicos; ou no piso superior, onde, além das mesas e do balcão, há uma máquina de jogos à antiga. E se for sozinho, não se preocupe, o elefante rosa gigante (imagem da marca), pendurado no tecto, servir-lhe-á de companhia.
Campo dos Mártires da Pátria 51. Ter-Dom 12.00-00.00.