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A tradição dura há mais de 150 anos e ainda é o que era: as ruas da Foz do Douro vão voltar a encher para ver passar o colorido Cortejo de São Bartolomeu (ou Cortejo do Traje de Papel), o momento mais alto das Festas de São Bartolomeu e que só termina no mar. É na manhã de domingo, dia 25 de Agosto, que a marginal do Porto recebe esta romaria que, em breve, será candidata a Património Imaterial da UNESCO.
O tema deste ano são os Jogos Olímpicos, sendo que vão participar no desfile cinco colectividades, cada uma a representar uma cidade onde os atletas portugueses ganharam medalhas olímpicas: o Bloco da União das Freguesias de Aldoar, Nevogilde e Foz do Douro vai representar a França, o Orfeão da Foz do Douro desfilará pela Grécia Antiga, o Desportivo e Operário Fonte da Moura vai vestir as cores de Londres, a Associação de Moradores do Bairro de Aldoar vai seguir o tema do Rio de Janeiro e ainda a Associação de Moradores do Bairro da Pasteleira, que vai vestir as cores de cidades orientais como Pequim, Seul e Tóquio. No total, serão mais de 500 figurantes a desfilar.
“Esta é já uma tradição com várias décadas na Foz do Douro”, sublinha à Time Out Tiago Mayan Gonçalves, presidente da União das Freguesias de Aldoar, Nevogilde e Foz do Douro, que organiza este cortejo, acrescentando que nos últimos anos foram criadas mais condições para a continuidade da tradição, nomeadamente a constituição de um atelier para ser possível fazer os preparativos deste evento.
O desfile começa no Jardim das Sobreiras (Cantareira), percorre o Passeio Alegre, Rua da Senhora da Luz e termina nas águas do Atlântico, na Praia do Ourigo, com um mergulho e um “banho santo” que, diz a lenda, afasta as maleitas durante todo o ano e onde se desfazem os trajes de papel.
A tradição destes desfiles começou nos anos 30 do século XIX e passou a ser uma das grandes tradições da comunidade local, com uma grande valorização do trabalho manual e material para a elaboração destes trajes, através da transformação minuciosa e longa de papel crepe.
Uma "tradição muito peculiar" candidata à UNESCO
A edição deste ano do cortejo dá corpo à candidatura dos trajes de papel a Património Imaterial da UNESCO, uma vontade que aliou a União das Freguesias e os municípios espanhóis de Mollerusa e Amposta, na Catalunha, e Güeñes, no País Basco, também eles com tradição nos trajes de papel.
“Percebemos, em primeiro lugar, o carácter único que este cortejo tem. É uma tradição muito peculiar, não é fácil encontrar algo deste género, mesmo a nível mundial. E também há muito envolvimento da comunidade. Há tradições e usos que correm risco de se perder e esta candidatura também visa criar a sustentabilidade da tradição e a sua perdurabilidade”, acrescenta Tiago Mayan.
A candidatura foi decidida no ano passado, sendo que, explica o responsável, está a ser preparado, numa primeira fase, o registo nacional como património cultural imaterial e só depois dessa fase é feita a candidatura para a UNESCO, num processo que se deverá estender até ao próximo ano.
Além do cortejo de trajes de papel, há ainda uma Feira Renascentista, entre os dias 22 e 25 de Agosto no Forte de São João da Foz. “É uma feira que representa o período histórico associado a Dom Miguel da Silva, que foi um grande mentor e trouxe um grande desenvolvimento à Foz do Douro”, explica Tiago Mayan. No dia 24 de Agosto, também no Forte, é inaugurada uma exposição de trajes de papel das cidades espanholas que apoiam a candidatura deste desfile à UNESCO.
Foz do Douro (Porto). 25 Ago, Dom, 10.00. Entrada livre
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