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João baptista sempre foi um homem muito criativo. Em tempos teve uma empresa de publicidade e artes gráficas, mas em 2011 decidiu entregá-la à filha e dedicar-se ao restauro de bicicletas e mobiletes. Uma paixão antiga. Ao longo dos anos foram começando a aparecer cada vez mais negócios como o dele. Então, como gostava de ser original, decidiu que tinha de elevar a fasquia. Um dia, chegou a casa com uma tábua de madeira e garantiu à família que a ia transformar numa bicicleta.
Fechou-se na oficina e, depois de muito trabalho, lá criou o primeiro protótipo. “Ele acreditou tanto naquela ideia que passou um ano a desenvolvê-la e a melhorá-la”, conta João Bonifácio, um dos filhos. Quando finalmente apresentou o produto final e 100% funcional, rapidamente todos perceberam que já “não era uma brincadeira”, mas sim algo sério que se poderia tornar um negócio. Não tardou muito até comercializarem as primeiras, que foram vendidas a clientes nos Estados Unidos.
Como as cabeças de João Baptista e da sua esposa, Fátima Bonifácio, não paravam de trabalhar, começaram a criar novos produtos. Consistiam, maioritariamente, em acessórios para as bicicletas, como bolsas de ferramentas ou alforges. Todos eles feitos com os desperdícios da madeira usada durante a produção. Assim nasceu a MUD – Manufacture Under Design. A matéria-prima mais utilizada nos produtos da marca é a bétula. É importada do Báltico, onde a exploração deste tipo de madeira é feita de uma forma sustentável.
O leitor pode até achar que por serem de madeira as bicicletas são mais pesadas do que o normal, mas está enganado. “As nossas pesam mais ou menos o mesmo que uma bicicleta de cidade comum”, assegura João Bonifácio. Além disto, também usam cortiça portuguesa e pele italiana. E quanto à mão-de-obra, João e Fátima foram criando uma pequena oficina sem sair de casa. Contam com a ajuda da família e juntos fazem, à mão, todos os produtos da MUD.
Inicialmente, vendiam as suas bicicletas e acessórios para outros estabelecimentos, mas em 2018 lançaram a sua própria loja online. O sucesso foi tal que, um ano depois, decidiram apostar num espaço físico. Apesar de viverem em Ovar, decidiram vir para o Porto para conseguirem chegar a mais e diferentes públicos. A loja fica na Baixa, a poucos minutos da Rua das Flores, e até pode parecer estranho, mas por lá poucas bicicletas vai ver. É que hoje em dia são todas feitas apenas por encomenda e não existe um stock pronto para venda imediata.
No entanto, na loja estão em exposição os primeiros protótipos das bicicletas da marca e uma versão mais recente e eléctrica. Se quiser comprar, tome nota: a versão normal custa 2800€ e a que tem motor fica-lhe por 3800€. O resto da loja é ocupado por acessórios, como malas (desde 49,90€) ou mochilas (desde 149,90€). Mas também há coisas mais fora da caixa, como bancos tripé dobráveis e portáteis ou até cadeiras de bar cujo assento é o selim de uma bicicleta. O catálogo está sempre em constante actualização e os produtos são melhorados regularmente.
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