[title]
Ao que parece o Cupido acertou-lhe em cheio. Ainda David Hashpai, acabado de aterrar, não tinha recolhido a bagagem no aeroporto Sá Carneiro e já estava perdido de amores pelo Porto. “No momento em que pousei aqui os pés, apaixonei-me. O vosso clima faz-me lembrar o de Israel, sente-se uma grande hospitalidade por toda a parte e as pessoas são muito chill”, conta agradado o dono do Cult of Pita, o novo restaurante na rua de Fernandes Tomás, mesmo de frente para o Mercado do Bolhão, que pretende revolucionar a comida de rua do Médio Oriente, servindo-a de uma forma relaxada e descontraída num ambiente urbano-industrial. “Mas o mais incrível foi quando estava numa penthouse na Foz e percebi que dali podia ver o mar e a praia. Foi perfeito”.
O espaço abriu no final de Abril, mas o namoro já vai longo. Há sete anos recebeu uma proposta para vir conhecer a cidade, por intermédio de uns amigos que pertencem à comunidade israelita na Invicta. “Nessa altura, o Porto era uma cidade muito diferente. Muito mais sombria, com muitos edifícios abandonados e num estado de negligência muito grande. É espectacular ver como tudo mudou. Este espaço, por exemplo, era uma phone shop onde se arranjavam telemóveis”, conta, acrescentando que sabe que está numa zona privilegiada, junto a um dos mais importantes mercados e ao lado de uma das artérias mais movimentadas da cidade, a rua de Santa Catarina.
O Cult of Pita é o seu primeiro projecto fora de Londres, onde vive com a família e onde gere outros 12 negócios, entre pizzarias, coffee shops, restaurantes de fine dining ou lojas de sanduíches. “Aqui no Porto decidi abrir uma loja dedicada à Middle East street food, porque não havia nada do género. A comida é toda preparada cá. Os frescos são locais (no início chegámos a ir ao Bolhão seis ou sete vezes por dia) e só algumas coisas é que vêm de fora, como o tahini, que nos chega do Líbano, e o pão pita, que é o nosso ex-líbris e vem da melhor padaria israelita, mas é cozido cá num forno especial”.
A fachada aberta para a rua vai atraindo todo o tipo de fregueses. Das vendedoras do Bolhão, que chegam de avental posto e se abeiram do balcão corrido para saber que comida é aquela, aos turistas esfomeados, estudantes Erasmus e israelitas que vêm matar saudades. Dividido em quatro partes, várias versões de pão pita recheado são as primeiras a serem sugeridas no menu, integralmente vegetariano. Há com falafel, hummus, tahini, couve roxa, pepino em conserva e tomates frescos; com beringela tenra, hummus, ovo cozido a baixa temperatura e um molho secreto; com couve-flor tostada, queijo feta, hummus, tomate e “um toque secreto de tâmaras” e ainda com shakshuka (entre 7€ e 8€).
Se preferir petiscar, peça uma bowl de hummus. Há quatro por onde escolher, com ingredientes como falafel, beringela frita, ovo, tahini e pinhões a rechear os pratos que aterram sobre as mesas (8€). Mas se chegar com fome, então pondere pedir a couve-flor assada com za’taar e molho aioli de mostarda; a beringela cozida, mergulhada em tahini caseiro com salsa fresca, ervas, sumac, azeite e pinhões; ou a shakshuka com ovos escalfados, molho de tomate, pepino fresco e queijo feta, servida com pão pita (todos a 8€). Ao lado, pode ainda pedir falafel (4€), grão de bico crocante (3€) ou batatas fritas caseiras e cortadas à mão (3€), entre outras coisas.
Para acompanhar há sumos naturais e shots energéticos feitos com ingredientes frescos, como gengibre, lima, toranja ou menta, além de cervejas artesanais da Musa e outros refrigerantes (entre os 2€ e os 6€). E para rematar, duas sobremesas: o malabi, um pudim de leite coberto com água de rosas e polvilhado com canela (4€) e o knafeh, uma sobremesa típica do Médio Oriente, feita com uma massa muito fina chamada kataifi, com queijo e mergulhada num molho doce (5€). Se vier acompanhado, mesmo que o seu amigo não seja humano, ele será muito bem-vindo, já que o espaço é pet-friendly.
Rua de Fernandes Tomás, 652. 22 208 6438. Seg-Dom 11.00-23.00