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Pergunte aos miúdos aí de casa se andam a apanhar bonés ou se preferem enfiar a carapuça. Se eles ficarem confusos, dê-lhes o novo livro de Ana Markl para as mãos. A conhecida radialista, que acorda com as galinhas para fazer as Manhãs das 3, estreia-se na literatura infanto-juvenil com Onde Moram os Teus Macaquinhos?, um álbum ilustrado sobre essas frases misteriosas a que chamamos expressões idiomáticas.
“A ideia era escrever um livro que, feito para uma chancela de não-ficção, essencialmente didáctica, tivesse um lado ficcional e de humor”, desvenda Ana. Fã assumida da língua e dos seus reveses, foi com entusiasmo que aceitou o convite de Célia Louro, editora da Lilliput, para mostrar aos miúdos como é possível e divertido brincar com as palavras. “A produção nacional, no geral, trata-os com condescendência, mas não creio ser preciso passar-lhes um atestado de parvoíce.”
O seu filho Manuel, a quem dedica a obra, ainda só tem dois anos, mas um dia terá oportunidade de perceber como, enquanto aprendeu a falar, ensinou Ana a pensar sobre o que diz. “Quando és mãe, és uma espécie de stand-up comedian para uma pessoa só. Mas não é só pôr a língua de fora. As crianças também gostam de alguma subtileza. Às vezes, quando faço uma piada, o meu filho fica com um ar intrigado e a seguir ri-se. É isso que quero e é o que tento fazer com este livro.”
Considerando expressões “mais ou menos corriqueiras”, mas bastante visuais, que ganham ainda mais vida com as ilustrações coloridas de Christina Casnellie, Ana dá-nos a conhecer Manu, um menino prestes a aprender, com a ajuda da sua amiga Sofia, que nem sempre aquilo que dizemos é aquilo que queremos mesmo dizer. “O ‘tira o cavalinho da chuva’ e o ‘fazer com uma perna às costas’ são coisas que, desenhadas, ficam muito cómicas”, descreve, entre risos. “Tentámos não ser convencionais, porque é mais fácil chegar aos miúdos dessa forma. Se os tivermos a tentar doutrinar, não resulta tão bem.”
Desde a loja das expressões idiomáticas, onde se encontram chapéus e outras coisas para meter na cabeça, até ao sótão do Manu, há muitas metáforas próprias da língua portuguesa para os mini-leitores descobrirem sozinhos ou em família. Como o pequeno Markl ainda não sabe ler, Ana fará “o maior teatro possível” para ver como ele reage. Espera-se, naturalmente, que com muitas gargalhadas, até porque ouvimos dizer que este poderá ser apenas o começo de “Manu descobrindo o mundo”.
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