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O Amplifest não é um festival de metal. “Sobretudo este ano”

O festival ocupa o Hard Club durante seis dias. Um número três vezes superior ao que era normal antes da pandemia. André Mendes diz ser uma “maluquice” necessária.

Luís Filipe Rodrigues
Editor
Aaron Turner
DRAaron Turner
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Eis que, finalmente, o Amplifest está de volta. Depois de duas edições adiadas pela pandemia, e por ocasião dos 15 anos da promotora Amplificasom – que deviam ter sido celebrados em Novembro passado, mas não foi possível –, o festival ocupa pela primeira vez dois fins-de-semana no Hard Club, no Porto, e tem praticamente o triplo dos concertos das edições anteriores. “No outro dia uma amiga alertou-me: ‘Tens noção que estás a fazer dois Amplifests ao mesmo tempo?’ Porque antigamente o festival era de dois dias, depois no ano passado ia passar a três, era esse o passo”, recorda André Mendes, da Amplificasom. “Agora são seis. Uma maluquice total. Mas acho que estamos todos a precisar disto.” Estamos mesmo.

O arranque de mais um Amplifest está marcado para esta sexta-feira, com um cartaz onde convivem o hip-hop apócrifo de Dälek e Prison Religion; o violoncelo de Jo Quail, a apontar novos caminhos entre a composição contemporânea, a música exploratória e o rock pesado; o shoegaze celestial de Midwife; o doom-via-slduge dos Process of Guilt e dos Vile Creature; e ainda uma surpresa – uma “grande bandona” “internacional”, nas palavras do patrão da Amplificasom. “O Amplifest chegou a ser considerado um festival de metal, mas eu nunca o vi assim”, continua André Mendes. “Sobretudo este ano.” Tem toda a razão.

O eclectismo não se esgota no primeiro dia. Continua no sábado, com o pós-hardcore dos belgas Brutus; o stoner rock dos Elder; as memórias do pós-punk e da new wave que assolam a música de Fotocrime; o metal ansioso e agressivo, a roçar o thrash, dos Irist; a campaniça punk de O Gajo; o black metal psicadélico de Oranssi Pazuzu; o doom dos Pallbearer; o sludge quase cinematográfico dos Telepathy; e a orgia selvagem de rock’n’roll, techno, pós-punk e música industrial promovida pelos Putan Club. No domingo, há mais pós-hardcore (Birds in Row); pós-rock (Caspian); pós-metal (Cult of Luna e Patrick Walker); e músicas sem pós, como as electrónicas de Clothilde e Karin Park, o screamo de Tenue ou o black metal atmosférico dos magníficos Wolves In The Throne Room.

O segundo fim-de-semana começa logo na sexta-feira, 14, de tarde. Os Deafheaven, que parecem ainda mais afastados do black metal e próximos do shoegaze no álbum Infinite Granite (2021), são o nome mais sonante de um dia onde é obrigatório assinalar também a estreia em Portugal dos Cave In, veteranos do metalcore americano. Há ainda o noise-rock dos Buñuel; o rock experimental e distorcido do projecto Bass Totem de Caspar Brötzmann, filho do lendário saxofonista Peter Brötzmann; o minimalismo de Jessica Moss, a violinista de Thee Silver Mt. Zion Memorial Orchestra & Tra-La-La Band; a electrónica exploratória do português Luís Fernandes; ou o pós-metal de Shy, Low e do supergrupo SUMAC.

No sábado continua a haver um pouco de tudo, da darkwave etérea de Anna von Hausswolff ao pós-rock de BRUIT ≤ e indignu; do doom dos Bongripper ao black/speed metal dos Hellripper e dos Spectral Wound; e da música ambiental de William Fowler Collins à guitarra exploratória de Tashi Dorji. Já no domingo escutam-se desde nomes lendários do metal extremo (Aaron Turner) e do pós-rock (Godspeed You! Black Emperor) a figuras como Peter Broderick, com uma vasta discografia a solo e em bandas, que vai da música neoclássica à folk e da soul ao indie rock, ou The Bug, produtor britânico de todo o género de música electrónica, acompanhado por Flowdan. Fennesz, guitarrista e inovador das electrónicas, é outro nome em destaque num dia em que se vai ouvir ainda a darkwave de Lingua Ignota, o funaná-punk de Scúru Fitchadú e o pós-hardcore dos Envy. Uma loucura.

Hard Club (Porto). Sex 7-Dom 9, Sex 14-Dom 15. 55€-205€

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