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Talvez por ficar do outro lado do rio, na margem sul, mais perto da linha do Equador, é que este Dona Maria é tão caloroso — tanto na arte de receber, como na carta aconchegante, perfeita para os dias frios de Inverno, ou no espaço, decorado com cores quentes, poltronas de veludo cor de caramelo e uma vista sobre o Douro e o Porto que aquece corações. Instalado no The Lodge, hotel com cinco estrelas em Vila Nova de Gaia, o Dona Maria aposta no receituário português, acompanhado de bons vinhos, claro, não estivéssemos nós paredes meias com as caves onde se armazena um dos mais famosos e cobiçados fortificados do mundo.
Portanto, se procura um jantar intimista, um almoço de família, um evento privado (de referir que o espaço possui duas faustosas salas, a sala dos Vinte e a sala dos Trinta, que podem ser reservadas em exclusividade) ou um pequeno-almoço com vista e amigos, faça check-in aqui. No restaurante Dona Maria, com um nome que é um tributo às mulheres — das hábeis cozinheiras que passam conhecimentos culinários de geração em geração, às princesas e rainhas que deixaram legados gastronómicos na nossa biblioteca histórica, como o Livro de Cozinha da Infanta D. Maria de Portugal —, faz-se comida como a das nossas avós, inspirada em receitas tradicionais do Porto e do norte do país. Exemplo disso são as famosas tripas à moda do Porto (15€/dose individual ou 28€/para partilhar) ou o bacalhau à Zé do Pipo (22€/44€), que terá sido inventado por um portuense com o mesmo nome, dono de um restaurante na cidade nos anos 1960. Ambos os pratos são servidos apenas ao fim-de-semana.
Um carrinho com pães diversos aproxima-se da mesa. Sobre ela colocam manteigas e azeites para os acompanhar e, a pedido, trazem também tábuas de queijos e enchidos. À parte das sopas — umas mais tradicionais, como a canja de galinha e a de milho com amêijoas, e outras mais exóticas, como o creme de carabineiro com coco e pérolas de yuzu (entre os 5€ e os 8€) — quase todos os pratos foram pensados para serem partilhados. Croquetes de leitão bem recheados e salada asiática com maionese de lima (10€/17€), peixinhos da horta com maionese de caril (9€/16€) e camarão ao alho (11€/19€) são alguns dos petiscos ainda antes das entradas. E há duas: carpaccio de bacalhau com salada de citros e couve (10€) e cabeça de xara com texturas de couve-flor (8€).
Se não for uma pessoa decidida, avisamos já que a escolha do prato principal será difícil (leve o cardápio bem estudado). Arroz de robalo com berbigão e pimentos (28€/39€), arroz de frango pica no chão (16€/27€) ou vitela estufada com arroz de enchidos, bem saboroso e com a carne a desfazer-se na boca (21€/30€), abrem a secção dos pratos mais robustos. Depois, seguem-se os de mar, representados pelo bacalhau confitado com puré de grão-de-bico, pezinhos de coentrada e molho salsa (22€), pela cataplana de peixe e marisco (28€/46€) ou pelo carabineiro com cevadinha e sua emulsão (32€).
Chanfana de cabra assada a baixa temperatura durante 48 horas com batata trufada e grelos (15€); bife à portuguesa (22€); posta mirandesa com batata rosti e grelos salteados (21€/35€); e costeletão de vitela grelhada com migas de feijão-frade e chouriço de porco preto (46€) são os pratos de carne disponíveis, sendo os dois últimos preparados na brasa.
Nas sobremesas, prove o tártaro de manga e abacaxi com sopa de maracujá, yuzu e sorvete de coco (7€), que já se tornou uma espécie de ex-líbris do Dona Maria. Mas as outras não lhe ficam atrás. Pannacotta de iogurte grego aromatizada com citronela, sopa de pêssego, especiarias e hortelã; pastel de nata com gelado de canela e molho de caramelo ou as texturas de chocolate e avelã (entre os 6€ e os 9€) imprimem um final mais fresco à refeição. O que não calha nada mal, já que aqui faz um calorzinho bom.
Rua de Serpa Pinto, 60 (Vila Nova de Gaia). 22 015 7540. Seg-Dom 07.00-10.30 (pequeno-almoço); 12.30-15.00 (almoço); 19.30-23.00 (jantar).
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