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O Centro foi o cenário escolhido para um encontro entre a natureza, as comunidades e as artes: o Mapas Natureza. Este é um projecto que, em dez fins-de-semana, de Julho a Outubro, lhe dá a oportunidade de assistir e participar, rodeado por natureza, a concertos, instalações, documentários, piqueniques e caminhadas performativas, entre outras actividades. Sicó/Alvaiázere, Serra da Estrela, Serra da Lousã, Geopark Naturtejo, Vouga-Caramulo, Serra d’Aire e Candeeiros, da Malcata e do Açor, Vale do Côa e Gardunha são as vilas, aldeias e paisagens que vão estar em destaque. Tudo isto funciona como uma forma de descobrir histórias e “colocar em discussão o lugar destes locais e pessoas no mundo”, explica Miguel Vasco, director executivo da Destinature – Agência para o Desenvolvimento do Turismo de Natureza, promotora do evento.
Toda a programação foi pensada, especificamente, para se realizar ao ar livre. Tendo isso em conta, o projecto convida a observar “paisagens em vez de paredes”, sair dos “espaços caseiros” em que nos refugiámos nos últimos tempos e assim redescobrir “laços de convívio social que são possibilitados por locais de grande beleza natural, cujas condições permitem que possamos voltar a estar em grupo, ainda que distantes”, descreve Miguel Vasco.
Para este projecto (inspirado por outro semelhante que aconteceu no ano passado, em Sintra) foi desenhada uma viagem pelo Centro do país, a partir da rede iNature, que une diferentes áreas naturais classificadas nesta região e é parceira da iniciativa. “É uma região abrangente, com uma grande diversidade de paisagens, que respondem ao desejo que temos de tempo lá fora e onde manchas de verde no domínio da pedra e da água são espaços mágicos para podermos assistir a um concerto ou simplesmente brincar”, diz Miguel.
Mas vamos ao que interessa: os tais fins-de-semana em que arte e natureza vão coexistir em harmonia. O primeiro fim-de-semana do Mapas Natureza (30 de Julho a 1 de Agosto) acontece na Sicó/Alvaiázere. Depois, viaja-se até à Serra da Estrela (6 a 8 de Agosto), à Serra da Lousã (20 a 22 de Agosto), ao Geopark Naturtejo (27 a 29 de Agosto), ao Vouga-Caramulo (3 a 5 de Setembro), à Serra do Açor (10 a 12 de Setembro), à Serra d’Aire e Candeeiros (17 a 19 de Setembro), à Serra da Malcata (1 a 3 de Outubro) e ao Vale do Côa (8 a 10 de Outubro), terminando na Serra da Gardunha (15 a 17 de Outubro).
Já o entretenimento fica por conta de mais de 50 artistas, das artes plásticas à música, que segundo Miguel Vasco equilibram a “dimensão cosmopolita dos seus domínios de expressão artística com o domínio da natureza e da ruralidade”. Entram nessa categoria nomes como B Fachada, Lula Pena, Samuel Úria, Catraia, Tó Trips, Danças Ocultas, Dada Garbeck, Omiri e Criatura, existindo sempre a possibilidade de “cruzamentos com filarmónicas [locais], ou enquadramentos improváveis para artes visuais, dança, teatro e outras disciplinas”. Aqui destacam-se as co-criações de Paul Johnson com a comunidade de Maçãs de Dona Maria, de Dada Garbeck com a Associação Raiz de Trinta e de Cabrita com André Louro. Estão também marcadas as apresentações das instalações artísticas, em espaço público, de Telmo Silva, Pedro Novo e Patrick Hubmann.
Existem muito mais actividades planeadas, como conversas e até caminhadas performativas – “percursos cujo rumo é orientado por diversos artistas a partir das histórias dos territórios e das pessoas que nele habitam”, explica Miguel. Algo que convida o público a olhar para as paisagens com uma nova perspectiva, com a ajuda de guias como Carlota Lagido, Catarina Reis, a Associação Estrela Geopark ou a Associação Lagarto.
Além disto, como o Mapas Natureza pretende ser um projecto intergeracional, o público também poderá participar em actividades mais familiares, como piqueniques e ainda em projectos mais virados para os miúdos. É o caso do Jogos do Hélder e o Brincar de Rua, oportunidades para promover o contacto com a natureza e a biodiversidade entre os mais novos.
Ainda associados a este evento, estão os projectos Pessoas-Mapas e Rostografia, sendo ambos um “registo das memórias e anseios dos habitantes destes locais”. O primeiro – que vai ser apresentado durante o evento e será disponibilizado mais tarde em formato digital – consiste numa série de documentários, em que se dão a conhecer as pessoas dos territórios em destaque e a forma como vivem. O segundo é um projecto fotográfico que consiste em retratos a preto e branco da população local e estará em exposição em cada uma das paragens do Mapas Natureza.
Apenas a agenda de três fins-de-semana tem programação confirmada, os restantes dias vão sendo anunciados, ao longo do tempo e a cada semana. “É uma forma de podermos dar a atenção que cada uma destas paisagens merece, num esforço de desaceleração que esperamos que este projecto possa também inspirar.” Isto porque um dos objectivos para o futuro passa por criar mais programas como este, em locais diferentes. “Esta viagem quer ser definitivamente a semente de um processo que se quer enraizar e alargar a outros pontos da região”, remata Miguel Vasco.
Todas as actividades programadas são gratuitas, mas na maior parte dos casos estarão sujeitas a pré-inscrição. Esteja atento às redes sociais (Facebook e Instagram) e ao site para mais informações.
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