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David Jesus emociona-se. “Chama-se Seiva em homenagem ao meu pai e ao meu avô que eram resineiros”, conta o chef que em Setembro do ano passado abriu um restaurante vegetariano em Leça da Palmeira, cheio de vontade de pôr as pessoas em contacto com a terra e a natureza. “O Seiva é um restaurante com uma cozinha de mercado, humilde, dinâmica, com sabor e influências do mundo. O Seiva é a expressão da natureza. Quero que as pessoas venham aqui para terem uma experiência com plantas, que as aproxime da terra, sem preconceitos”, diz convicto. “Se tiverem de comer com a mão, comem com a mão.”
A cozinha é, portanto, o seu habitat natural e logo aos 12 anos percebeu que era entre tachos e panelas que queria fazer carreira. “O meu avô tinha um lugar na praça, lá em Setúbal, onde vendia peixe, por isso, para mim sempre fez muito sentido esta proximidade com o produto”, explica, acrescentando que a cozinha do seu restaurante é (obviamente) sazonal e feita com produtos com a maior proximidade possível. “Vou muitas vezes abastecer-me ao Mercado de Matosinhos, por exemplo, e as hortícolas chegam-me da Póvoa de Varzim.”
Mas o percurso deste jovem chef de 26 anos já é longo. Passou por restaurantes aclamados por todo o mundo, como o Diverxo, do chef David Muñoz, em Madrid; pelo restaurante Quique Dacosta, do chef com o mesmo nome, em Alicante, ambos com três estrelas Michelin; pela Fortaleza do Guincho, com uma estrela, em início de carreira — “Queria estudar e precisava de dinheiro, por isso, fui a uma entrevista e puseram-me a lavar pratos. Foi lá que comecei a privar com matéria-prima de alta qualidade” —; pelo Feitoria, em Lisboa, também com uma estrela; e pelos restaurantes do grupo Cervejarias Brasão, quando chegou ao Porto, pouco antes do primeiro confinamento.
Agora, neste espaço seu, compôs uma carta divertida, cheia de sabor e sem pretensiosismos. Ao pequeno-almoço há torradas em pão de fermentação lenta com compota, creme vegetal ou mel (3€) ou com tomate e ervas (3,50€). Por mais 1,50€ pode juntar um ovo mexido ou escalfado ou creme de tofu. Bowls de aveia, bulgur ou quinoa com granola e manteiga de amendoim, ou de chia, kefir e frutos secos (ambas a 4,50€), omeletes com cebolinho, tomate cereja e cebola frita (4,50€), panquecas com diversos toppings (4,50€) e fatias de bolo do dia (3€) compõem as opções para a primeira refeição do dia.
Ao almoço e ao jantar, como entradas, há gyosas de legumes crocantes com molho cantonês, churros de batata com molho de tomate assado e gema de ovo para molhar, um creme de alho assado com tomate seco, sementes de mostarda e salsa frita sobre uma fatia de regueifa, pastéis de massa tenra recheados com estufado de legumes e agridoce de marmelo, ou pani puri, um crocante de grão recheado com cogumelos e chaat masala (entre os 3€ e os 6,50€).
O arrojo continua nos pratos principais: na lasanha tailandesa, que leva tofu estufado, especiarias, coco, caril tailandês e molho de tomate assado (11,50€), na paella da ria, feita com arroz de Alcácer do Sal, salicórnia e spirulina (14€), ou no pica pau de seitan com mostarda, migas alentejanas e coentros (12€), entre outros. Para rematar, há sobremesas como o folhado de maçã recheado com compota deste fruto, raiz de aipo e sésamo; rabanada de amêndoa, creme de leite e tamarindo, e petit gâteau de chocolate com creme de milho e ras el hanout, uma mistura de especiarias típica do Magrebe (entre os 5€ e os 5,50€).
Para petiscar, durante o dia há uma carta de snacks e a todas as refeições um prato com proteína animal, para quem não quiser enveredar pela onda vegetariana. O chef, que quer abrir mais espaços assim, “descontraídos, familiares e honestos”, organiza, todos os meses, um workshop de comida vegetariana com 12 vagas. É anunciado no Instagram na primeira semana do mês. É ficar atento.
Rua Sarmento Pimentel, 63 (Leça da Palmeira). 91 054 6756. Ter-Sab 11.00 - 22.00. Dom 11.00 - 16.00.