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É provavelmente um dos espaços mais bonitos e inebriantes do Porto. Talvez por causa do couro avermelhado dos sofás e dos bancos que rodeiam as mesas com tampos de pedra polida e que dão uma sensação de conforto a quem chega da rua. Ou talvez por causa da sua disposição – ao invés de virado sobre si, o mobiliário ora está voltado para os grandes janelões que nos descrevem a vida que acontece lá fora; ora para as estantes e prateleiras encarnadas carregadas de vinis até ao tecto, também ele escarlate.
Numa esquina envidraçada da Avenida Rodrigues de Freitas mora um espaço versátil e ecléctico. Durante o dia serve comida – bonita, elegante, gulosa – preparada pelo Urraca, o restaurante irmão do Mafalda’s, no Mercado de Matosinhos. À noite, o anfitrião é o bar Fiasco, com a sua curadoria musical e os seus cocktails feitos como mandam as boas regras da coquetelaria. Este, apesar de aqui instalado desde inícios de Abril, acolheu o Urraca mais recentemente, em finais de Julho.
“O Pedro Segurado, dono do Fiasco, fez-me o convite para ocupar este espaço durante o dia, com restauração e algumas bebidas”, começa por explicar Inês Pando, uma das sócias do projecto, acrescentando que a ideia era partilhar o espaço com a loja de discos. “Há uma dinâmica interessante de vários projectos a coexistirem”, diz. Apesar de já terem sido aliciados para fazerem parte de projectos no centro do Porto mais do que uma vez, a chef explica que o “timing ideal” aconteceu agora. “Esta proposta fez todo o sentido para nós.”
Um menu descontraído e a pensar na comunidade
Para o Urraca criaram, então, uma carta que fosse capaz “de chegar à comunidade e aos locais”, que funcionasse durante o dia todo e fosse sazonal, possível de ser mudada a cada dois ou três meses. “Foi uma carta pensada com coisas que gostamos e que não fossem cansativas, para que os clientes pudessem voltar várias vezes sem repetir pratos. Por isso é que também temos a sopa e o prato do dia, que mudam semanalmente”. E acrescenta: “Tanto podes vir almoçar como podes vir comer às 17.00”. Inês deixa, contudo, um aviso: a cozinha fecha às 17.30, que é para terem tempo de arrumar e deixar tudo pronto para o Fiasco entrar em cena.
Um pão de massa mãe encabeça o menu e acompanha bem saladas de funcho com amêndoas, laranja e kimchi (6€) ou de curgete com feta, iogurte, tahini, lima, hortelã, chili oil e avelãs (8€). Também têm focaccias com tomate e queijo pecorino (5.50€), tartes tatin com cebola, mostarda e queijo da Ilha (5,50€) e um imperdível pastel de massa tenra, crocante, com um recheio guloso de ossobuco, cenoura, e o seu jus (6,50€).
As tostas também devem ser tidas em conta. A de figos com ricota, ras el hanout, pickle de rabanete, manjericão e pistácio é uma das mais pedidas e fotografadas (10€). Mas a de grilled cheese em pão de massa mãe com queijo comté, burrata, kimchi e manteiga de mel (10€), a sando com atum fresco ou tofu e manteiga de kombu e tonkatsu (12,50€) também não ficam atrás.
Enquanto esperamos pelas sobremesas – um brioche com creme inglês, fruta da época e trigo sarraceno, que já tem muitos adeptos (há quem venha de propósito para o comer; 9,50€) e um vistoso brownie com tahini e caramelo de miso (4€) – aproveitamos para bebericar da boa limonada de figos e verbena preparada por Lia Igreja, responsável pela Liquid Cabinet (a carta de bebidas aposta sobretudo em vinhos de baixa intervenção, kombuchas e café de especialidade). E deitamos um olho à oferta musical do espaço, com discos que vão de Lauryn Hill a Sade, Gorillaz, Miles Davis, Alice Coltrane ou Taylor Swift, entre muitos outros.
Avenida de Rodrigues de Freitas, 133. Ter-Sáb 12.00-18.00.
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