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Peças toscas, rugosas e minimalistas – é como a Ramos Cerâmica se mostra ao mundo, a nova marca que traz cerâmica de autor e peças de edição limitada a um preço justo e acessível, ao mesmo tempo que quer combater o desperdício. Os primeiros passos são dados com uma colecção de jarras.
O percurso nem sempre foi o de pôr as mãos na massa. Patrícia Gonçalves começou em nutrição, fez um curso de moda depois, mas nada dessas faculdades a fascinava o suficiente para se apaixonar pelo que fazia. Até começar, como hobbie, a mexer na argila. E foi amor à primeira amassadela.
Foi para as Caldas da Rainha tirar um curso a sério e voltou cheia de ideias e já com a vontade de ter a própria marca. Em plena quarentena, nasceu a Ramos Cerâmica – o nome em homenagem ao avô materno –, a sua marca de coração e que quer mostrar que é possível comprar peças únicas a preços amigáveis e evitar cair na demanda de uma casa ser igual a outras tantas.
“Queria uma coisa completamente despretensiosa, que não tivesse peças a preços proibitivos, que pessoas mais jovens pudessem comprar”, conta Patrícia. “O meu processo é todo manual, não tenho moldes, vou construindo a peça com o rolinho e demora algum tempo. Tudo isso torna as peças únicas.”
A primeira colecção Jarras tem nada mais, nada menos que aquilo que o nome diz: jarras. São três, todas feitas com diferentes argilas e trabalhadas de diferentes maneiras. Essa é, aliás, uma das características que marca pela distinção: cada peça é acompanhada por uma breve descrição do tipo de materiais usados e das técnicas, “uma forma de dar a conhecer às pessoas o mundo da cerâmica”, diz.
Patrícia quer que cada colecção dure mais ou menos três meses e que não existam mais de 30 unidades de cada peça. Por serem feitas cada uma à mão, nenhuma é igual a outra. Todas são únicas.
Em Jarras encontra-se a jarra Menina e Moça (30€), uma peça que remete para as formas femininas, a jarra bojuda (65€), mais voluptuosa e com verga na abertura, e a jarra brinco (60€), mais rugosa e fina e com uma pequena pega superior.
Todas as peças estão para venda no site, que faz entregas em todo o país e para o estrangeiro, mas quem quiser deitar olho e sentir a argila como ela é pode sempre marcar uma visita ao ateliê de Patrícia, em Lisboa. As marcações são feitas por email (hello@ramosceramica.com) e a partir daí será divulgada a morada.
O desperdício na cerâmica é uma realidade desconhecida de muitos, mas existe. Não há reciclagem das peças e isso gera um excedente desnecessário, seja nas grandes fábricas ou em pequenos ateliês como o de Patrícia.
Para combater esse desperdício, que muitas vezes morre e fica atulhado algures, a ceramista decidiu criar uma colecção além da principal, que é composta apenas pelas chamadas peças maquete, que vai produzindo ao longo do processo criativo até chegar às peças da colecção final. Estas peças integram a colecção Prequela, disponível no site, e são disponibilizadas por um preço ainda mais acessível.
“Foi uma decisão muito óbvia para mim. Há cada vez mais preocupações com a sustentabilidade e, de facto, no nosso meio cerâmico há um desperdício inacreditável”, explica Patrícia. “Fazia-me confusão ter investido tempo, energia e recursos em peças que, apesar de maquetes, podem servir um propósito, e que iam acabar por morrer ali no ateliê.”
Até agora têm sido das peças com mais saída da marca. “Eu enquanto cliente ia adorar ter uma peça destas, mas enquanto criadora adoro ter uma série de artigos aos quais alguém vai dar uma nova vida em vez de irem para o lixo ou ficarem perdidos.”
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