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Romance e poesia à beira-mar. O Correntes d’Escritas está de volta

O maior festival de literatura do país está de regresso à Póvoa de Varzim e acontece entre 14 e 18 de Fevereiro, embalado pelas ondas do Atlântico.

Mariana Morais Pinheiro
Directora Adjunta, Porto
Ana Luísa Amaral
©DRAna Luísa Amaral será uma das homenageadas
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O Correntes d’Escritas está de regresso e promete fazer correr muita tinta. A Póvoa de Varzim volta a receber, entre os dias 14 e 18 de Fevereiro, o mais famoso encontro de escritores de expressão ibérica, considerado o maior festival de literatura do país. Dos habitués que todos os anos marcam presença aos recém-chegados, o evento vai contar com perto de uma centena de escritores – 18 em estreia absoluta – de 15 nacionalidades diferentes e com origens em vários países onde as línguas portuguesa e espanhola são oficiais. Nesta 24ª edição, os “afectos” terão tratamento especial, uma vez que serão evocados “grandes vultos da literatura escrita nas línguas ibéricas”, que faleceram nos últimos anos, “como Ana Luísa Amaral, cuja obra poética servirá de mote às mesas, Nélida Piñon, que será objecto de uma conversa, ou Luís Sepúlveda, através do lançamento de um livro de poesia de sua autoria, inédito”, avançam em comunicado. Vamos a isto.

A Cerimónia de Abertura e a entrega dos prémios

Dos 90 livros a concurso, 11 chegaram à final. O anúncio do vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa 2023, no valor de 20 mil euros, e que este ano premeia a poesia, será feito durante a cerimónia de abertura, no dia 15, naquele local. As obras finalistas são: Acidentes, de Hélia Correia; Amor Cão e outras palavras que não adestram, de Rosa Alice Branco; Atirar para o torto, de Margarida Vale de Gato; Caderneta de Lembranças, de A.M. Pires Cabral; e Caderno das duas irmãs e do que elas sabiam, de Regina Guimarães. Da lista fazem também parte os trabalhos Cinco Cavalos Abatidos e outros poemas, de Rui Almeida; Errático, de Rosa Oliveira; Firmamento, de Rui Lage; O Meu Corpo Humano, de Maria do Rosário Pedreira; Tristia [um díptico e meio], de António Cabrita; e, por fim, Voltar, de Luís Filipe Castro Mendes.

A revista

Outro dos pontos altos do evento é o lançamento da Revista Correntes d’Escritas, ainda no dia 15. O número 22 será apresentado também no Casino da Póvoa e a publicação será inteiramente dedicada ao escritor angolano Manuel Rui que, desde a origem do festival, é presença assídua em todas as edições. Poeta, contista, autor do hino nacional de Angola, dramaturgo e romancista, os seus livros – alguns bem conhecidos, como Sim Camarada!, publicado em 1977, no pós-independência, e Quem Me Dera Ser Onda, de 1982 – estão traduzidos em mais de 12 línguas. No mesmo dia, no Cine-Teatro Garrett, acontece ainda a Conferência de Abertura que, este ano, ficou a cargo de Manuel Sobrinho Simões. O médico, professor emérito da Universidade do Porto, especialista em diagnóstico e investigação e fundador e director do Ipatimup, irá debruçar-se sobre o tema “Ciência e Cultura”. 

As mesas e outros prémios

Ana Luísa Amaral e a sua poesia vão dar mote às dez mesas e debates que entre 15 e 18 de Fevereiro acontecem no Cine-Teatro Garrett. Vão contar com nomes como Paulina Chiziane, Inês Pedrosa, Capicua, Rui Zink, Sérgio Godinho, João Luís Barreto Guimarães e Margarida Ferra, mas também com Ondjaki, Rosa Montero, Francisco José Viegas, Gonçalo M. Tavares, Bruno Vieira Amaral e Maria Flor Pedroso M, entre muitos outros. 

Ao longo dos dias serão atribuídos todos os outros prémios, como o Prémio Literário Luis Sepúlveda, que até 2020 se chamava Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes d’Escritas | Porto Editora, e valoriza trabalhos de alunos do quarto ano de escolaridade, cujo prémio reverterá em material escolar a favor da instituição de ensino. Já o Prémio Literário Correntes d’Escritas Papelaria Locus galardoa com mil euros um poema escrito em português por um jovem, natural de um país de expressão portuguesa; e o Prémio Literário Fundação Dr. Luís Rainha Correntes d’Escritas distingue com dois mil euros uma obra inédita (romance, contos ou poesia), em português, cujo tema central seja a Póvoa de Varzim. 

Mais o que ver e fazer

Conte ainda com 37 lançamentos de livros, um curso de formação para professores e uma sessão de cinema. No dia 16 de Fevereiro será exibido no Cine-Teatro Garrett Campo de Sangue (2022), de João Mário Grilo. Inspirado no romance de Dulce Maria Cardoso, com o mesmo nome, conta a história de um homem acusado de assassinato e dos depoimentos de quatro mulheres que o conhecem. A entrada é livre, como em todas as iniciativas e actividades que fazem parte do Correntes d’Escritas. Aproveite. 

Póvoa de Varzim (vários locais). Entre 14 e 18 de Fevereiro. Entrada livre.

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