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RTP ataca “assimetria” com dez telefilmes realizados por mulheres

Anabela Moreira, Daniela Ruah e Maria João Luís são três das mulheres ao leme de um conjunto de filmes que vai chegar ao horário nobre da RTP1 ainda este ano.

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal
Contado Por Mulheres
DR
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Contado Por Mulheres é um projecto ambicioso e foi anunciado pela RTP nesta segunda-feira, Dia Internacional da Mulher: no último trimestre de 2021, o primeiro canal vai exibir, em horário nobre, um conjunto de dez telefilmes realizados por outras tantas mulheres. Trata-se de “uma acção inédita no audiovisual português”, nota a estação pública em comunicado, e visa “colmatar uma assimetria no acesso das mulheres realizadoras ao meio audiovisual”. Para isso, foram convidadas mulheres “de reconhecido talento”, com idades e experiências diversas – vêm do cinema, do teatro, da dança, da publicidade.

Anabela Moreira (actriz), Ana Cunha (actriz e realizadora), Cristina Carvalhal (actriz e encenadora), Daniel Ruah (actriz), Diana Antunes (realizadora), Fabiana Tavares (realizadora), Laura Seixas (realizadora), Maria João Luís (actriz e encenadora), Rita Barbosa (realizadora e artista visual) e Sofia Teixeira Gomes (anotadora e produtora) são os nomes à frente de cada um dos telefilmes de Contado por Mulheres, co-produzido pela portuguesa Ukbar Filmes e pela polaca Krakow Film Klaster (numa parceria que “vai permitir a utilização de técnicas de produção digital ainda inéditas em Portugal”, dizem).

Estes telefilmes adaptam obras da literatura portuguesa – e aí as mulheres voltam a estar em minoria. Os autores passam por Soeiro Pereira Gomes (Contos Vermelhos e Outros Escritos), Maria Archer (Há-de Haver Uma Lei…), Bernardo Santareno (A Traição do Padre Martinho), Carlos Oliveira (Alcateia e Pequenos Burgueses), Maria Judite de Carvalho (Os Armários Vazios), Teolinda Gersão (Prantos, Amores e Outros Desvarios), Ondjaki (Os Vivos, O Morto e O Peixe Frito), Mário Zambujal (Serpentina) e Mário de Carvalho (Quando o Diabo Reza). Aposta-se “em boas histórias, dos melhores autores portugueses, procurando fazer chorar, rir, sentir dramas de épocas ou ir até aos sensíveis desafios morais da actualidade. Mas acima de tudo entreter com personagens inspiradoras”.

A correspondência entre realizadora e escrito literário, assim como os responsáveis pelos respectivos guiões e os locais de rodagem, pode ser encontrada aqui. As filmagens estão há muito terminadas: decorreram entre Abril e Agosto do ano passado, todas no Centro do país (tendo para isso contado com o apoio de diversas câmaras municipais, de Ovar a Torres Vedras, da Guarda à Covilhã). “Na região Centro encontrámos a diversidade histórica, cultural e paisagística que os telefilmes precisam. São dez espaços visuais que nos levam a uma panóplia de universos emocionais”, observa a RTP, que candidatou este projecto ao Fundo do Turismo e do Cinema e tem a exportação debaixo de olho, seja para “grandes territórios” ou seja para “plataformas de streaming internacionais”.

Na nota de apresentação de Contado Por Mulheres, os produtores Pandora da Cunha Telles e Pablo Iraola revelam que “um dos pontos fortes do programa é o posterior acompanhamento das realizadoras na sua internacionalização com um personalizado mentoring internacional com ganhadoras de Óscares, Goyas e provenientes de séries da Netflix, da Amazon e da Disney+”. O director de programas da RTP, José Fragoso, acrescenta por seu lado que, com este conjunto de telefilmes, a estação pública “reforça a sua aposta na produção de conteúdos de ficção originais e de perfil internacional”.

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