Soma – Café & Cozinha: uma soma de histórias e de coisas boas para provar

“É muito difícil quando temos de falar das nossas paixões”, sorri Mona Karenina do outro lado da mesa. “O Soma - Café & Cozinha é uma soma das histórias de toda a gente que aqui trabalha. Queria um nome que reflectisse uma conotação positiva, em português, mas que fosse fácil de ler em todas as línguas”, conta a publicitária sobre o seu mais recente projecto, que tanto tardou em chegar. Mona, que nos tempos de estudante esteve quase para desistir do curso universitário para enveredar pela área da gastronomia, abriu, em Agosto, um espaço na rua Adolfo Casais Monteiro, onde a cozinha de autor e o café de especialidade se unem. “Acabei por terminar o curso e arrumei essa paixão pela gastronomia na gaveta dos sonhos”, diz.

Mas há dois anos a gaveta escancarou-se, o sonho escapou e ficou a pairar pelo ar. “O meu padrasto, que é o nosso terceiro sócio, além de mim e da Luiza [de Almeida], estava ligado a este espaço aqui, onde funcionava antes o Ultramarino Futebol Clube, e perguntou-me se queria ficar com ele. Na altura só pensei assim: ‘Oxê, não estou preparada para esse momento’”, gracejou Mona de mão no peito, relembrando a sensação. “É que eu tinha a minha agência de comunicação, que estava em crescimento, e os meus serviços — que incluíam estratégia de comunicação e planeamento —, estavam sobretudo voltados para área da restauração, bares e hotelaria. Por isso, o meu trabalho era sobretudo atrás das câmaras”.

As peças começaram a juntar-se umas às outras e a dar forma a esta soma de ideias. “A Luiza foi minha caloira, lá em Curitiba. Uma vez encontrámo-nos numa balada e, desde então, ficámos muito próximas. Ela, entretanto, foi para fora, especializou-se em café. E quando eu estava a desenhar o conceito para este espaço, sabia que queria um tipo de cozinha, mas também de café. E, justamente nessa altura, ela manda-me uma mensagem a dizer: ‘E aí, amiga, quando é que abrimos o nosso café?’” 

Soma é sinónimo de adição

O bom café de especialidade que aqui servem é fornecido pela Von & Vonnie, uma micro torrefacção portuense, e o pão chega-lhes de dois sítios diferentes: o sourdough é da Hakko e o brioche vem da padaria Fariña. Quanto à carta, gulosa quanto baste e capaz de se tornar num vício se não formos comedidos, foi pensada com a ajuda de Yevgeny Alinichenko, do restaurante Barraeste, que imprimiu nela algumas das suas influências nipónicas. 

“Olhas para a carta e consegues perceber influências do Brasil e do Japão, em produtos como o kimchi, o tamago, o doce de leite, a fava tonka, a moqueca, a farofa…”, explica Mona, acrescentando que em breve terão pratos da semana, inspirados na cozinha do mundo. Numa das vezes em que lá fomos, a lasanheta de ragú de carne, a abóbora com humus de feijão branco e o pudim de pão e figos eram as propostas (entre 5€ e 14€).

A carta começa, então, com sugestões de pequeno-almoço e brunch onde surgem cookies (3,50€), fatias de bolo caseiro (4,50€) e pães de queijo (2,50€) que são já um sucesso. “O nosso pão de queijo leva um mix de queijos. Leva Gouda, queijo da Ilha e mozzarella. Uma vez, estiveram aqui duas miúdas de Singapura, uma delas até tinha trabalhado no Noma [restaurante dinamarquês com três estrelas Michelin e uma estrela verde, considerado um dos melhores do mundo], e levaram o stock todo”, lembra Mona.

Depois, começa o verdadeiro festim. Açaí batido com granola de tahini, banana, manteiga de amendoim e fruta da época (10,50€); um dulcíssimo arroz doce com leite de coco, caramelo de coco, frutos vermelhos e pistáchio (6,50€); uma avantajada tosta francesa com calda de doce de leite, manteiga de banana e fava tonka (11€); e ainda uma tosta de pão de fermentação lenta com queijo Comté e kimchi (9,50€) encerram, gulosamente, o primeiro capítulo.

Como propostas para almoço (ou lanche, se preferir), apesar da carta estar disponível a todas as horas, há, entre outras coisas, humus de feijão branco com beringela assada, dukkah (condimento que junta especiarias, frutos secos e ervas aromáticas) e gremolata (8€); uma tamago sandes, a clássica sandes japonesa de ovos, chucrute e queijo da Ilha dos Açores em pão brioche (12€); uma tosta aberta com ricota, ervilha, curgete marinada, limão e hortelã (11,50€) e ainda a incrível moqueca de ovo, inspirada na shakshuka do Médio Oriente mas com um toque brasileiro, composta por dois ovos cozinhados a baixa temperatura, molho de moqueca, farofa de chalota e chili oil (13€).

Além das várias bebidas de cafetaria de especialidade, há ainda espumantes, brancos, tintos, oranges e rosés para provar. E, se tudo correr como o planeado, em breve servirão também jantares.

Rua Adolfo Casais Monteiro, 71. Qui-Seg 09.30-16.30

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