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A torre do Time Out Market é inspirada nos reservatórios de água das estações de comboio. Quando é que se deu essa epifania e percebeu que era esse o aspecto que uma torre sua teria de ter no centro do Porto?
Foi quando me puseram a hipótese de fazer um bar ou restaurante por cima do túnel da Estação de São Bento, uma vez que a cota era alta e tinha uma vista bonita para os Clérigos. Mas a CP disse que não, que era perigoso, então pensei na torre. Quando fiz o projecto, ele começou a ser contestado, mas um arquitecto amigo meu mostrou-me que o projecto original da estação tinha uma torre, a torre do telégrafo, que era bem mais alta.
Em que medida a envolvência serviu de inspiração?
A envolvente serviu para definir a altura da torre. Na versão original havia uma parte a norte em que só se via telhados, por isso, pedi para subir três metros e agora a sul vê-se a Sé, a poente vê-se a Torre dos Clérigos e a norte é possível ver os Aliados e a Lapa. A torre é uma espécie de miradouro.
Qual foi o maior constrangimento que precisou de ultrapassar para a concepção do projecto?
O maior constrangimento foi a oposição de muitas entidades, foi um autêntico inferno. Quando pedi o aumento foi embargado. A original, a tal torre do telégrafo, era bastante mais alta. Mas foram medir novamente a torre com um laser e perceberam que tinha 10 centímetros a mais...
O que é que foi mais emocionante? Criar a torre ou recuperar património histórico da UNESCO?
A torre foi um projecto mais arriscado. Se pudesse, hoje fazia ainda mais alta, acho até que ficou um pouco baixota. Cheguei a dizer: “Onde é que já se viu uma girafa baixa?”. Enfim, além de recuperar São Bento, aquele cul-de-sac era uma porcaria no centro histórico, numa zona de interesse. Por isso, fico contente por contribuir para a melhoria da cidade, com bons restaurantes – já vi que são todos bons – e espero que com boa música também. E aquele muro lindíssimo está a ser ligeiramente lavado para não se perder a patine.
Na sua visão, qual o impacto que o mercado terá para a cidade do Porto, quer para os habitantes, quer para os turistas?
A própria estação ferroviária fica favorecida. Estava assimétrica, com uma parte recuperada e a outra com armazéns fechados e com aquele cul-de-sac abandonado. Agora vai abrir-se com vários equipamentos que vão animar a cidade. E as pessoas vão dizer: “Vamos almoçar a São Bento e vamos de comboio”.
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