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Táxi, Mão Morta e Pedro Abrunhosa. Assim se serve o Rock à moda do Porto

No próximo fim-de-semana, algumas das mais relevantes bandas portuenses das últimas décadas sobem ao palco da Super Bock Arena.

Escrito por
Patrícia Santos
Música, Rock, Taxi
©DRTaxi
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Na Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota já se faz a contagem decrescente para a segunda edição do Rock à Moda do Porto. O sucesso do último ano levou a produtora Vibes & Beats a reunir, novamente, bandas e artistas incontornáveis da cena musical portuense num único cartaz. E este ano, a festa é a dobrar.

“Achámos que seria interessante criar um festival que celebrasse a vitalidade dos grupos e músicos históricos da cidade que, com o seu talento, carisma e irreverência, conseguiram sobreviver ao passar do tempo e permanecer actuais. Mesmo os projectos que estiveram afastados dos palcos ou sem apresentar material novo durante vários anos continuam a ser acarinhados pelo público, que não esquece as suas canções. O sucesso da iniciativa, que superou as expectativas, só confirmou o que todos já sabíamos e impulsionou-nos a seguir neste caminho”, explica Jorge Veloso, fundador e CEO da Vibes & Beats.

Como não podia deixar de ser, o cartaz da atracção volta a ser de luxo, o que dificulta o trabalho de Veloso na hora de destacar alguma actuação em particular. “Todos são muito bons, dos Clã, que também participaram no ano passado, aos Trabalhadores do Comércio, Jafumega, Pedro Abrunhosa, Táxi e Mão Morta”, conclui Jorge, deixando no ar que ainda há surpresas por revelar. 

Certo é que o evento permite relembrar o “fervilhar artístico e criativo” que tomou conta do Porto nos anos 70 e 80 — apenas os Mão Morta não são naturais nem foram formados na cidade —, altura em que a cidade atravessava uma vaga de fundo contracultural, desenvolvida sobretudo em garagens, cafés e na noite, com o objectivo e a pressa de se alinhar com os novos sons do rock e do cosmopolitismo. Super Bock Arena.

Dia 1

Trabalhadores do Comércio

Há mais de dez anos que os fãs dos Trabalhadores do Comércio aguardavam pelo regresso da banda que, desde a formação, em 1980, se tem dedicado a levar as tradições, a linguagem, a pronúncia e o humor tripeiro onde quer que vá. O retorno aconteceu, oficialmente, a 1 de Maio, dia em que celebraram o 43.º aniversário. Esta foi a data escolhida para o lançamento de “Na Desportiba”, o primeiro single – com direito a videoclip – de Objecto. O disco completo, que começou a ganhar forma nas últimas semanas de 2022, fica disponível a 20 de Outubro, quando o grupo sobe ao palco da Super Bock Arena. Inclui temas originais, homenagens a grandes figuras da música nacional, como Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira, e até parcerias com outros artistas.

Trabalhadores do Comércio
© Alberto AlmeidaTrabalhadores do Comércio

Jafumega

Quarenta e cinco anos depois da fundação dos Jafumega, em 1978, é impossível contar a história do pop-rock português sem falar deles. O grupo portuense, que volta agora a andar em digressão por todo o país, surgiu em plena fase de ascensão deste género musical em Portugal e conquistou o público com “Ribeira”. Inspirada na zona ribeirinha do Porto, que tanta cor tem dado a uma série de postais, a emblemática canção sintetiza o funk e o ska em doses pesadas de groove. “Latin’America”, “Kasbah” e “Nó Cego” seguiram-se à letra que ainda hoje reverbera na cidade: “A ponte é uma passagem para a outra margem”.

Jafumega
@ Jorge BacelarJafumega

Pedro Abrunhosa

Um disco de rock cheio de jazz e de vida. Assim era Viagens, o primeiro álbum de Pedro Abrunhosa. Esta obra musical, editada em 1994, resultou de uma parceria com Maceo Parker, o eterno companheiro de James Brown, e atingiu marcas de vendas até à data inéditas em Portugal. O portuense iniciava assim um percurso que só conheceu sucesso, durante o qual apresentou a sua música, que sobressai por uma escrita forte e irreverente. Actualmente, o artista de 62 anos soma milhares de concertos, recintos cheios, festivais, salas esgotadas e digressões que o levaram a todo o mundo no currículo. Para o concerto de dia 20, como não podia deixar de ser, Abrunhosa, cujos discos são integralmente escritos e compostos por si, foi desafiado a fazer um repertório em que o rock é rei.

Musica, Pop, Pedro Abrunhosa
© Marco DuartePedro Abrunhosa

Dia 2

Táxi

Corria o ano de 1979 quando, absorvendo influências musicais pós-punk, new wave e ska, surgiram os Táxi. O grupo começou por compor e interpretar temas em inglês, mas esta situação não durou muito tempo. Em 1981, a banda foi descoberta por dois elementos da editora Polygram, que a convidou a gravar um álbum. Havia uma única condição: tinha de ser em português. Quarenta anos após o lançamento desse disco, o inesquecível Cairo, os Táxi voltaram ao estúdio e produziram novo material. Na setlist, este acompanha clássicos atemporais como “Chiclete”, “Vida de Cão” e “Fio da Navalha”.

Clã

A histórica banda portuense estreou-se em 1996 com o lançamento de LusoQualquerCoisa. Apesar da repercussão não ter sido a esperada, o sexteto não se deixou abater. Em vez disso, utilizou o tempo que tinha pensado dedicar aos concertos que não apareceram para produzir Kazoo, editado em 1997. Com canções como “Problema de Expressão”, o disco deu ao grupo a popularidade que ambicionava. Desde então, nunca mais pararam e continuam, ainda hoje, entre as preferências do público, pelo que não surpreende que voltem a integrar o cartaz do Rock à Moda do Porto. Para ouvir, além de clássicos como “Sopro do Coração” e “Dançar na Corda Bamba”, há músicas de Véspera, o nono álbum apresentado em 2020.

Clã, album vespera
© João Octávio PeixotoClã

Mão Morta

Desde a sua formação, em 1984, os Mão Morta sempre tiveram uma palavra a dizer no que diz respeito ao rumo do rock feito em Portugal. Mais de três décadas depois, a banda que foi formada em Braga mas actuou, pela primeira vez, no Orfeão da Foz, já lançou uma série de álbuns originais, nos quais aliou, como ninguém, a música à literatura. Considerados, desde cedo, um grupo de culto, foram aplaudidos pela imprensa nacional e por personalidades como Nick Cave e Jello Biafra, ex-vocalista dos Dead Kennedys.

Mão Morta
© Patrícia MartinsMão Morta

Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, Jardins do Palácio de Cristal. Sex-Sáb 20.00. 25€-35€

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