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Teatro Municipal do Porto regressa focado na dança e preparado para o digital

A programação arranca a 17 de Setembro. Até Fevereiro, as salas do Rivoli e do Campo Alegre vão receber 69 espectáculos, 22 estreias absolutas e 14 sessões online.

Escrito por
Maria Monteiro
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Depois de meio ano encerrado, o Teatro Municipal do Porto (TMP) anunciou no início de Setembro a programação para os próximos seis meses. Até Fevereiro de 2021, vão passar pelas salas do Teatro Rivoli e do Teatro do Campo Alegre 69 espectáculos, dos quais 22 são estreias absolutas e 33 produções de artistas e colectivos sediados na cidade. Além da forte programação presencial, o Teatro apresenta o “TMP Online”, um novo programa pensado para as plataformas digitais que vai ter 14 sessões, entre transmissões de espectáculos em sala ou apresentações de projectos criados para este formato.

A programação arranca a 17 de Setembro com o espectáculo-maratona A Vida Vai Engolir-vos, de Tónan Quito, uma incursão no universo de Anton Tchékov através das peças A Gaivota, O Tio Vânia, Três Irmãs e O Ginjal. A peça será apresentada em duas partes, que acontecem alternadamente no Rivoli (17 e 18 de Setembro) e no Teatro Nacional São João (18 e 19 de Setembro). “Esta é a primeira vez que quatro teatros, nacionais e municipais [TNSJ, TMP, D. Maria II e São Luiz], se juntam para receber um espectáculo”, referiu Tiago Guedes, director artístico do TMP, em conferência de imprensa.

Sob o mote “retomar ligação”, o Teatro Municipal do Porto redesenhou e recalendarizou as apresentações previstas para a temporada anterior, recentrando o seu alinhamento na dança, que volta a ser um forte eixo programático. Um dos momentos altos da temporada será o ciclo dedicado a Marlene Monteiro Freitas, consagrada coreógrafa e bailarina cabo-verdiana, galardoada com o Leão de Prata da Bienal de Veneza em 2018. Entre 21 e 30 de Outubro, serão apresentadas três peças marcantes do seu repertório: Guintche (2010), Jaguar (2015) e Mal — Embriaguez Divina (2020). Estão previstas, também, várias sessões de cinema, conferências e workshops ao longo dos dez dias.

Também na dança, destacam-se RainForest (1968) e Sounddance (1975), duas peças de Merce Cunningham, dançadas pelo CCN – Ballet de Lorraine a 13 e 14 de Novembro, a propósito do centenário do emblemático bailarino e coreógrafo norte-americano; The Show Must Go On (2001), peça de culto de Jérôme Bel que ganha nova vida com intérpretes locais; A Mesa Verde (1932) e Chronicle (1936), duas remontagens de espectáculos que contam a história da dança e que ficam a cargo da Companhia Nacional de Bailado com o programa Dançar em tempo de guerra, a 19 e 20 de Fevereiro.

CNB
A Companhia Nacional de Bailado assume a remontagem de 'Chronicle' © Hugo David

Como habitual, a dança deixa-se contaminar por outras expressões artísticas em programas como Double Trouble, programa de dança e performance que se desdobra em duas edições em Novembro e Março, no Rivoli e no Campo Alegre. Os artistas participantes são Xana Novais, Susana Chiocca, Flávio Rodrigues, Renata Portas (Portugal), Dana Michel (Canadá), Ingri Friksdal (Noruega) e Tales Frey (Brasil).

Outra novidade da temporada é o PAR(s): Artes Performativas e Imagem Online, programa colaborativo desenhado para o online em que dez duplas de realizadores e artistas performativos de diferentes áreas vão criar um novo objecto artístico em conjunto. São elas Cláudia Varejão e Joana Castro, Diogo Baldaia e Daniel Seabra, Pedro Neves e Teresa Coutinho, Helena Estrela e Manuel Tur e Sofia Arriscado e Constanza Givone. Esta iniciativa reflecte a vontade do TMP em ir além da transposição de conteúdos no plano digital.

O 89.º aniversário do Teatro Rivoli é pretexto para quatro dias de programação multidisciplinar que cruza áreas como literatura, dança, música e circo contemporâneo. Entre 20 e 24 de Janeiro, o público pode assistir a criações nacionais e internacionais como Falaise, dos Baro D’Evel, companhia franco-catalã de circo e artes performativas; Noite de Primavera do Teatro Nova Europa; IO de Né Barros e Caixa para guardar o vazio de Fernanda Fragateiro e Aldara Bizarro. 

A par de todas as novidades, regressam ainda habitués como as Quintas de Leitura, sessões dedicadas à poesia e à palavra escrita, os ciclos de conferências Modos de Ocupar, ou o Foco Famílias, programa para crianças e famílias que, entre 10 e 13 de Dezembro, leva a palco criações de Patrícia Portela e de Guilherme de Sousa e Pedro Azevedo, uma instalação de Joana Magalhães, e cinema de animação.

Além de programação própria, o TMP serve de cenário a festivais da cidade como o Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP), Porto Post Doc, MICAR – Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista, Queer Porto 6 – Festival Internacional de Cinema Queer, Indie Júnior Allianz e Festival Porta-Jazz. A agenda completa pode ser consultada aqui.

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