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Enquanto o InterContinental Porto – Palácio das Cardosas já regressou à normalidade, depois de dois anos com as obras do metro literalmente à porta, também o Astória traz novidades e entra numa nova fase. O restaurante localizado neste hotel de luxo, numa das pontas da Avenida dos Aliados, tem um novo chef e uma nova carta, tipicamente portuguesa, que convida a uma autêntica viagem pelas raízes de muitos e pela infância de outros tantos.
Vítor Santos é o novo chef do Astória desde o início deste ano. Nos objectivos que traz, quer mostrar que é possível o restaurante de um hotel ser mais do que isso: ser um sítio descontraído e, sobretudo, com um ambiente caseiro, sem perder a elegância, e aberto a todos (hóspedes e não hóspedes). “Por vezes acho que a ideia de ir jantar a um hotel pode deixar-nos muito tensos, porque parece que há muito protocolo. A nossa ideia é desmanchar isso e tornar este espaço quase numa casa de comida de família, onde toda a gente pode usufruir, brincar, divertir-se à mesa. Quero transportar essa filosofia para a mesa do hotel”, explica à Time Out.
E haverá melhor forma de se sentir em casa do que voltar às origens, àquela comida tradicional que tantas vezes encheu os pratos lá de casa? É por isso que “As nossas raízes” são a inspiração desta carta, lançada em Maio e a pensar nos meses de Verão, com ingredientes e receitas tipicamente portuguesas, mas com um toque do chef, desde a reconstrução do famoso arroz de polvo da avó, passando pelo intenso arroz de tortulhos da serra, até chegar às tradicionais amêijoas à Bulhão Pato. Variedade não falta. E sabor também não.
A viagem começa com um couvert com vários tipos de pão e uma mistura fresca de pimentos, mozarela, azeitonas e pepino (9€). Segue-se um carpaccio de polvo (20€) e uma tábua de sabores portugueses (30€), onde se encontra a reconstrução de uma salada de polvo à feira, amêijoas à Bulhão Pato, bacalhau com grão-de-bico, costelinha com pickles e cebola roxa, peixinhos da horta e croquetes de novilho.
A ideia, acrescenta o chef, é implementar também o conceito de partilha: “A socialização à mesa, o divertimento... A nossa ideia é descontrair e desfrutar”. E seguimos a desfrutar a viagem pelos pratos principais, também tipicamente portugueses, mas com uma visão diferente, aplicada pelo chef. À mesa chega o pregado com batata, molho Madeira e banana (36€), um prato “com uma influência muito madeirense”, seguindo-se um arroz de marisco e peixe da nossa costa (80€), com um toque picante que lhe adiciona mais sabor. Também na categoria dos preparados com arroz caldoso, destaque para os tortulhos da serra com bochecha de porco crocante (80€).
“Fazemos aqui uma viagem dentro da nossa cultura, do nosso país. Faz sentido termos uma oferta tradicional e de vertente portuguesa. Focando sempre no nosso produto, naquilo que temos de melhor. As pessoas vêm cá cada vez mais para experienciar também a gastronomia”, acrescenta Vítor Santos.
Para terminar, e como sobremesa, há a clássica tarte de maçã juntamente com a frescura do gelado de baunilha (17€), e uma tatin de figo acompanhada de gelado de queijo de cabra (11€), numa mistura da cozinha francesa com um produto nacional, como o figo pingo de mel. Há ainda outras opções, como o mini pão-de-ló de Ovar com sorvete de tangerina (9€) ou pudim Abade de Priscos (9€).
Perguntámos ao chef se aproveitou alguma receita de família para esta carta. Vítor Santos respondeu que se inspirou em algumas receitas da mãe, mas sempre com um toque diferente dado por si. A inspiração para o pregado, por exemplo, veio de família: “A receita era da minha mãe, mas em vez de pregado ela usava linguado. A base da receita serviu para chegar até este prato”.
Outro conceito aplicado no restaurante é a Chef’s Table, que consiste num menu de seis pratos com paring de vinhos, feito com produtos tradicionais e frescos do mercado, que permanece uma surpresa até a altura em que é servido.
A normalidade, dois anos depois
O Astória vive uma nova fase e o InterContinental Porto também. O hotel tem retomado a normalidade, depois de dois anos com constrangimentos provocados pelas obras da nova linha de metro, que muitas vezes impediram o acesso pela entrada normal, provocaram algum ruído e tiveram também impacto em termos visuais. Jean Hélière, cluster general manager, explica que o ano passado foi "o mais difícil" para a unidade hoteleira, uma vez que "as obras estavam bem perto do hotel. Tiveram de escavar para fazer toda a estrutura subterrânea à volta”.
Neste período, o InterContinental teve de se reinventar: criou entradas diferentes para os hóspedes, encerrou alguns quartos no lado da Avenida, aproveitou para fazer a manutenção destes espaços e criou algumas actividades diferentes. O esforço recaiu, sobretudo, em proporcionar uma experiência positiva e criar um ambiente diferente e longe do caos das obras na cidade.
“Foram dois anos com muitas mudanças, muitas questões, muita instabilidade porque nunca sabíamos quando é que os trabalhos iriam acabar ou melhorar. Teve de haver muita comunicação entre nós, o município e a Metro do Porto para percebermos como poderíamos melhorar a situação, passo a passo. Mas agora, finalmente, estamos a ver a luz. Diria que a última vitória será o fim dos trabalhos entre esta zona e a estação de São Bento”, sublinha o responsável.
O hotel tem actualmente 113 quartos e, no próximo ano, vai renovar o seu Wellness Center e as salas de reuniões. Para o futuro, o foco está também em estabelecer parcerias com a comunidade local. Até porque, acrescenta Jean Hélière, o objectivo é que “as pessoas abram os olhos neste hotel e saibam e sintam logo que estão no Porto”.
Nos últimos meses, o InterContinental transformou-se também numa verdadeira galeria de arte, com um toque artístico em cada recanto proporcionado por exposições pop-up que permanecem na unidade hoteleira durante três meses. A próxima será em Setembro, com o artista a ser revelado em breve. “Os clientes apreciam realmente isto, especialmente os internacionais e é algo em que queremos apostar. Eu detesto a rotina. Queremos ter mais coisas a acontecer para também entreter e divertir os hóspedes. Não chega apenas ter um bom quarto, um bom menu e um bom restaurante, é preciso ter algo menos esperado ou um pouco mais surpreendente”, acrescenta o responsável.
Praça da Liberdade, 25 (Porto). 22 0035600. Quarto duplo a partir de 400€ (em época alta).
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