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Uma doca, um novo restaurante e um tratamento de spa intravenoso. Eis as novidades do Six Senses

Hotel localizado na Quinta Vale de Abraão, em Lamego, abre este Verão mais um restaurante e vai ter uma nova terapia no seu spa – considerado o melhor da Europa.

Ana Catarina Peixoto
Jornalista, Porto
Six Senses Douro Valley
John AthimaritisSix Senses Douro Valley
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A vista para a Régua e a paisagem do Alto Douro Vinhateiro quase dispensam apresentações. Lá no meio, na Quinta Vale de Abraão e de olhos postos sobre as vinhas e o rio, há uma casa senhorial do século XIX que tem sido o refúgio para os muitos que tentam fugir do caos do quotidiano. Foi em 2015 que o Six Senses Douro Valley chegou a esta propriedade e juntou o luxo, o bem-estar e a sustentabilidade num hotel no meio do Douro. Para este Verão há novidades: o Six Senses vai ter a funcionar dois novos espaços — incluindo um novo restaurante — e está ainda a trabalhar em novas terapias de bem-estar.

Uma das novidades do Six Senses para este ano será a entrada em funcionamento da renovada doca do Six Senses, que vai permitir aos hóspedes fazerem passeios de barco pelo Douro, avança Richard Bowden, director de marketing do hotel. Serão “barcos vintage, feitos de madeira”, explica. Quanto aos espaços novos no hotel, o bar junto à piscina exterior estará totalmente pronto em Julho deste ano, e há um novo espaço de restauração, a Greenhouse, que vai estar a funcionar a partir do Verão. Este último espaço está localizado no jardim da casa, vai ser utilizado para oferecer mais opções de sustentabilidade e também como espaço de eventos, onde cabem até 40 pessoas.

No que diz respeito ao spa, um dos tratamentos que está a ser trabalhado ainda para este ano é a IV Therapy, um procedimento de introdução intravenosa que já existe também no Six Senses em Ibiza. “Será uma mistura de vitaminas com vários efeitos”, acrescenta o responsável, sublinhando que o trabalho está a ser feito em conjunto com uma clínica.

Six Senses
DRSix Senses

Actualmente, o hotel de cinco estrelas tem 71 quartos de mais de 18 tipologias, entre quartos, suites e villas próprias para quem prefere um ambiente mais privado. A maioria dos hóspedes são estrangeiros e procuram este espaço muito pela vertente de bem-estar que oferece — não só um bem-estar imediato, mas também a prevenção de doenças relacionadas com o estilo de vida.

"Estamos a trabalhar o corpo e a alma"

Para já, apreciamos um passeio pela floresta de dois hectares que rodeia este hotel, com um cenário considerado Património Mundial da Humanidade pela Unesco. Em cada canto avistam-se as vinhas e encontra-se um pedaço de história desta propriedade que inicialmente pertenceu à família Serpa Pimentel e foi cenário do livro de Agustina Bessa-Luís, Vale Abraão, e do filme de Manoel de Oliveira baseado neste romance. “Esta foi a primeira propriedade no Douro a ter electricidade e a floresta faz parte do roteiro dos jardins históricos”, explica Nadine Oliveira, a guia deste passeio. Sabe o nome e as características de todas as plantas e árvores e explica a surpresa de muitos estrangeiros quando lhes conta as histórias e tudo o que existe para ver e fazer na região do Douro. Aqui há muitas actividades para fazer, desde passeios a pé ou de bicicleta, subida às árvores, observação de pássaros ou participar nas vindimas. 

Dentro do hotel, a estadia começa com um workshop no Alchemy Bar, uma sala onde não passam despercebidos os vários aromas e as estantes cheias de produtos, desde velas a óleos essenciais, feitos no próprio Six Senses e com todo o tipo de ingredientes naturais. É aqui que os hóspedes podem aprender a fazer produtos de beleza como esfoliantes, óleos essenciais, sprays, sais de banho, bálsamos de lábios e velas. Num dos workshops, aprende-se a fazer um esfoliante de corpo a partir de ingredientes tão simples como sal marinho, raspa de casca de cítricos, óleo de amêndoa doce e óleos essenciais à escolha. Pelo meio, Daniel, um dos profissionais que orienta estes workshops, vai explicando as vantagens e aplicações de cada óleo essencial. 

O Alchemy Bar, no Six Senses
John AthimaritisO Alchemy Bar, no Six Senses

Esta sala é um dos espaços que compõem o conhecido spa do Six Senses, que em Março deste ano foi eleito o melhor spa da Europa pelo World Spa & Wellness Awards 2024. Nestes 2200 metros quadrados de área, há dez salas de tratamento, todas com vista para o jardim ou para o vale do rio Douro, um ginásio, um estúdio de actividades de bem-estar – desde yoga a meditação –, uma piscina interior com terapias de som subaquático, jactos de massagem, cromoterapia e crioterapia e cinco saunas.

Experimentámos um dos programas implementados há dois anos, o biohacking (sessão de 30 minutos, 75€). Trata-se de um tratamento de pressoterapia feito através de botas de compressão Normatec que fazem uma espécie de drenagem linfática. Com sete níveis de pressão, este é um tratamento de recuperação (e também de manutenção) que ajuda, sobretudo, a melhorar a circulação sanguínea. Ao mesmo tempo, é também colocada uma faixa abdominal que emite calor e vibração, sendo que o tratamento é acompanhado por meditação guiada ou música e uma venda nos olhos. "Estamos, basicamente, a trabalhar o corpo e a alma, a desconectar do mundo lá fora", ouve-se na explicação do tratamento. Outro dos programas disponibilizados no hotel é o "Sleep With Six Senses", que permite ajudar os hóspedes a melhorar a qualidade do seu sono, uma das grandes lutas para os muitos que vivem (e sentem) o stress do quotidiano.

Sessão de biohacking no Six Senses
John AthimaritisSessão de biohacking no Six Senses

Foco na sustentabilidade

O conceito está na moda, mas no Six Senses Douro Valley a sustentabilidade (ambiental e social) vai além da teoria. É o que promete Fernando Morais, director de sustentabilidade que nos recebe no Earth Lab, um espaço onde o hotel trabalha e comunica o que faz, na prática, para reduzir o consumo, produzir localmente e apoiar as comunidades e ecossistemas. E a prática é mostrada logo à entrada, onde se pode ver, em cima de uma mesa, uma tigela com gomas feitas a partir de cascas de frutas utilizadas no pequeno-almoço. "Também fazemos bebidas gaseificadas a partir das cascas, com água e açúcar mascavado", explica Fernando Morais.

Há ainda vários workshops para os hóspedes sobre como podem reaproveitar os restos de alimentos e como é que isso é feito no próprio hotel. Até porque o mote é reaproveitar tudo o que é possível. E com muita criatividade à mistura. Não só para produzir outros alimentos, mas também elementos de decoração, óleos, velas e essências: “Todos os Six Senses do mundo têm um Earth Lab, mas cada um é adaptado a cada contexto e com o foco definido por cada hotel. Neste caso, o nosso trabalho passa muito pela parte da agricultura, da alimentação e também da caridade”.

O Earth Lab do Six Senses
John AthimaritisO Earth Lab do Six Senses

Todas as segundas e quintas-feiras é também feita a colheita na horta biológica própria e os alimentos são tratados neste "laboratório", para depois serem enviados para os vários espaços do hotel. “Há aqui a junção da cozinha com a sustentabilidade. A cozinha gera muito resíduo e tudo o que se gera podemos converter de outra forma”, acrescenta o director de sustentabilidade. Quando não é possível ter o produto vindo da horta biológica, a política é recorrer aos produtores locais que estão num raio máximo de 300 quilómetros de distância. 

O hotel tem também o conceito “Eat With Six Senses”, em que todos os espaços de restauração utilizam produtos sazonais produzidos na horta própria ou adquiridos a produtores locais. Um dos quatro restaurantes deste hotel é o Restaurante Vale Abraão, onde salta à vista a open kitchen que permite aos clientes verem os chefs e funcionários a confeccionarem os pratos, mas também toda a decoração tipicamente portuguesa e as fotografias da família Serpa Pimentel afixadas na parede. Ao almoço (e ao jantar), a carta é variada, com muitas opções para entrada, como sopa de cebola e moira de Lamego (16€) ou flatbread de cogumelos, creme fraiche e queijos regionais (24€). Para o prato principal, as opções também são diversas, incluindo um arroz de polvo em forno de lenha (40€) ou arroz cremoso de bróculos, queijo de São Jorge e pickles (36€). 

Actualmente, 0,5% de toda a receita gerada no Six Senses Douro Valley vai directamente para o fundo de sustentabilidade do hotel, bem como 50% das vendas de águas engarrafadas nos restaurantes. Este fundo apoia 14 associações, desde grupos que lutam contra o desperdício alimentar, como a ReFood, a associações que efectuam missões de resgate de animais e também projectos para reduzir o abandono escolar na região. É também utilizado para apoiar a limpeza e protecção da floresta. 

Quinta Vale de Abrão, 5100-758 (Samodães, Lamego). 254 660 600. Preço mínimo por noite num quarto duplo: 850€.

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