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Pintor e litógrafo, designer de posters e autor de curtas-metragens, o polaco Valerian Borowczyk (1923-2006), radicado em França a partir da década de 60, celebrizou-se nos anos 70 e 80 graças a uma série de filmes de longa-metragem em que o erotismo convivia com o fantástico, envolvidos numa atitude libertária, e que, se feitos hoje, valeriam ao seu autor acusações de sexismo e misoginia, e talvez levassem mesmo ao seu “cancelamento”: Contos Imorais (1973), O Monstro (1975), Freiras Perversas (1978), As Heroínas do Mal (1979), Dr. Jekyll e as Mulheres (1981) e Emmanuelle 5 (1987) são alguns desses títulos. Nos 100 anos do seu nascimento, Borowczyk é um dos realizadores em destaque no 31.º Curtas Vila do Conde, festival que se estende de 8 a 16 de Julho e que vai mostrar um amplo programa das suas curtas-metragens documentais, de ficção e animadas.
Num registo muito diferente, ligado à realidade e aos problemas do seu país, está o romeno Radu Jude, vencedor da Competição Internacional do festival no ano passado, e que em 2023 terá direito a um programa especial das suas curtas-metragens, realizadas entre 2007 e 2022. Também a artista pluridisciplinar norte-americana Deborah Stratman estará em foco este ano, com uma selecção de filmes, uma Carta Branca, uma masterclass e uma exposição na Solar – Galeria de Arte Cinemática.
A abrir este Curtas Vila do Conde, ver-se-ão as três curtas que integraram o programa Fábrica de Realizadores – Norte de Portugal na Quinzena dos Cineastas de Cannes e, em antestreia nacional, 20.000 Espécies de Abelhas, de Estibaliz Urresola Solaguren, que teve o Prémio de Melhor Interpretação Principal no Festival de Berlim. Esta cineasta basca tem também curtas no programa New Voices, onde se junta ao português João Gonzalez, o autor de Ice Merchants, que esteve nomeado para o Óscar de Melhor Curta-Metragem Animada e sobre o qual haverá uma exposição; e ao colectivo austríaco Total Refusal. A fechar o festival, passa a nova realização de Kleber Mendonça Filho, Retratos Fantasmas, uma declaração de amor à cidade do Recife, que inclui os seus cinemas.
A Competição Internacional terá curtas-metragens de, entre outros, Lucrecia Martel, Clara Simón, ou Théo Dégen, enquanto que na Competição Nacional teremos obras de António Pinhão Botelho, Basil da Cunha, Susana Abreu, Mário Macedo e Pedro Neves. A secção Cinema Revisitado inclui uma celebração do 100.º aniversário do nascimento do fotógrafo, director de fotografia e realizador Augusto Cabrita (faz também 30 anos que morreu); um conjunto de curtas portuguesas realizadas nos anos 60 por nomes da nova geração de cineastas, e um excerto de Os Verdes Anos, de Paulo Rocha, estreado há 60 anos; uma evocação do Novo Cinema Espanhol das décadas de 50 e 60; e a exibição de American Graffiti, de George Lucas, e A Noite dos Mortos-Vivos, de George Romero.
O programa desta edição do Curtas Vila do Conde fica completo com a secção Stereo, que inclui, entre outros, um concerto dos Turbo Junk I.E., um programa especial dedicado à austríaca Billy Roisz, documentários de música exibidos ao ar livre, caso de Miúcha, A Voz da Bossa Nova, de Liliane Mutti e Daniel Zarvos, e uma competição de vídeos musicais; e com o Curtinhas, dedicado aos mais pequenos, incluindo curtas em competição, oficinas e o espaço infantil Brincar ao Cinema. Esta secção fecha com a exibição de Elemental, a nova longa-metragem animada da Pixar.
A programação completa e todas as informações podem ser consultadas aqui.