[title]
No prato do gira-discos roda Girl de Pharrell Williams. Toca baixinho, preenchendo o ar matinal com um funk divertido. Numa estante ao lado, cerca de um milhar de vinis aguardam vez para mostrarem o que valem. Há de tudo. Do jazz de John Coltrane, à música country de Kenny Rogers, dos hits de David Bowie aos sucessos épico-electrónicos de Vangelis, dos norte-americanos The National à música sertaneja brasileira. “A colecção foi-nos oferecida pela mãe do Tiago [Feio, o chef] e, desde o início, a nossa ideia foi ter uma playlist analógica com vinis a tocar”, conta Cátia Roldão, artista plástica de Belas Artes e autora das ilustrações que preenchem as paredes do espaço.
O nome Tia Tia, com o qual baptizaram o espaço na rua do Almada, aberto desde Novembro, não surgiu ao acaso. “É o início do nome do Tiago e o fim do meu, Cátia”, ri. Ambos com experiência de vários anos na restauração — Cátia foi sócia do restaurante Pedro Limão e Tiago, chef há vários anos, passou uma longa temporada em Lisboa, onde esteve à frente de restaurantes como o Leopold e o Seia —, decidiram tentar a sorte a norte.
“Tinha muita vontade de abrir um espaço aqui, no Porto, mesmo sabendo que estávamos em plena pandemia. Abrimos na esperança que o Porto voltasse ao mesmo dinamismo de antes”, conta Tiago Feio, desabafando que “Lisboa estava com excesso de turismo”. “Já não era só dinamismo gastronómico, era ruído. Alguns projectos não duravam sequer um ano. E o Porto pareceu-me estar ainda naquela fase boa”, explica, acrescentando que com este projecto querem contribuir para a diversidade gastronómica da Invicta.
Começaram com um projecto take-away junto ao Campo Mártires da Pátria, até que surgiu a oportunidade de ocupar este espaço onde, em tempos, funcionou o Esporão Porto. “Pensámos logo em vinhos naturais que, no Porto, ainda estão a dar os primeiros passos. Queríamos que este espaço fosse uma espécie de wine bar com comida simples e clientes espontâneos, que passam por aqui para beber um copo de vinho ao final da tarde”, diz o chef.
No menu há vinhos naturais portugueses e estrangeiros e coisas boas para comer. Ao pequeno-almoço preparam granola caseira e compotas (que podem ser levadas para casa), com iogurte grego, por exemplo, ou porridge com especiarias e manteiga de abóbora. “Também fazemos pão naan aqui, em vez do sourdough que já me está a cansar”, ri Tiago. Ao almoço há sempre uma sopa, como um dashi com cogumelos, cenoura, espinafres e miso (2,50€); uma salada com, por exemplo, couve roxa, abóbora e requeijão (6€); uns ovos mexidos com pão ázimo, tomate, especiarias e malagueta (6,50€) e um prato da estação (7,50€). Para terminar, uma fatia de banana bread (4€) ou de bolo de limão e azeite (3€). Mas nada é fixo, tudo muda.
“Não temos carne, só trabalhamos com peixe e vegetais. Já fizemos um menu completamente plant-based e queremos explorar essa vertente, por uma questão de sustentabilidade, sobretudo, e porque não nos identificamos com a maneira como a maioria dos animais são tratados”, explica o chef, acrescentando que à sexta-feira e ao sábado ao jantar têm um menu carte blanche. Custa 36€ e inclui seis pratos com “comida mais criativa e sofisticada”.
Quer exemplos? Pão ázimo, beterraba e framboesa para começar. Depois, nabo, miso e sésamo, seguido de tupinambo, cogumelos e chilli oil. A meio da refeição servem-lhe, por exemplo, carapau, escabeche de coco e coentros, e, antes da sobremesa, pescada com couve toscana. Para rematar, marmelo, requeijão e frutos secos. Tentador, não?
Rua do Almada, 501. 967 866 236. Ter-Qui 09.00-16.00. Sex-Sáb 19.30-23.00.
+ Há duas novas plataformas de entrega de comida em casa no Porto
+ Festival da Francesinha: Uber Eats entrega menus a 10€ no Porto