O sítio comunga do mesmo problema do Zé Bota: fica escondido numa travessa atrás do Piolho e, como tal, só lá vai quem, bom, quem quer mesmo lá ir.
Talvez isso explique que nas duas visitas o restaurante estivesse semivazio. O que não impediu os sushimen e a pessoa responsável (pareceu-me ser a pessoa responsável) de serem extremamente simpáticos. E não naquela onda de apaparicar os (quase) únicos clientes do dia. Aqui o serviço é muito, muito bom. Já a comida fica um bocadinho abaixo do que se quer num japonês. Ou numa tasca japonesa, como se intitula o 3 Hyôshi. É que além de sushi, há alguns petiscos nipónicos que estão no arranque da ementa e pelos quais fui aconselhado a começar.
Vieram as gyosas de frango, feitas na casa, com uma massa grossa, as extremidades um pouco queimadas (foram à chapa), mas com um recheio muito saboroso; veio um fraco tataki de atum, em fatias grossas e secas; uma óptima cavala breaseada em pasta miso, com pedaços finos de abacaxi e algas, tudo junto a criar harmonia na boca; e umas banais espetadas grelhadas de frango – a robata do chef, como lhes chamam, que é sempre surpresa.
Passei depois para um agradável combinado de sushi e sashimi. Frescas as fatias de salmão, interessantes os uramakis e os niguiris, menos fresco o atum, a não combinar, e enjoativo o gunkan com framboesa.
Voltei lá uns dias depois para almoçar o ramen – coisa de rara aparição no Porto – e saí cabisbaixo. O caldo sensaborão, a carne dura, o ovo para lá de cozido. Nem o sabor do cebolete, da cenoura e das algas cortadas em tiras finas tornaram a sopa melhorzinha. Pena.
Nos dois casos a festa acabou bem, com duas boas sobremesas: gelado de chá verde e tiramisu de chá verde. Boring, eu sei, mas enquanto os restaurantes convencionais não adoptam o chá verde à sobremesa, contento-me com os japoneses.
Pelo almoço paguei 10€, pelo jantar 30€ (60€ para duas pessoas, com vinho). Não é um estouro para um japonês, bem sei, mas já exige pratos sem falhas. E aqui há ainda arestas para limar.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.