Os restaurantes com mesas comunais podem ser perigosos. Ainda no outro dia, sentou-se ao meu lado um indivíduo enorme que passou o tempo a dar-me cotoveladas e a falar da ciência do Insterstellar como se a sua amiga estivesse do outro lado da sala. Acontece.
O mais comum, no entanto, é que as pessoas façam um esforço por serem civilizadas, e por vezes há até encontros felizes e cruzam-se conversas e as interações prosseguem porta fora. É o convívio, é a partilha, é bonito.
Ora este Brick tem porventura a mesa comunal mais bonita do país, um grande rectângulo de madeira no centro do qual poisam flores, tachos, boiões. O espaço é luminoso, rústico e sofisticado, um cruzamento de monte alentejano com Notting Hill, com a cozinha aberta, logo ali.
É de lá que vêm os pratos, quem cozinha muitas vezes é quem serve. O quê? Comida mediterrânica, saudável sem ser fundamentalista. Numa visita recente provou-se a tábua de peixe, com lulinhas guisadas, salada de bacalhau, salmão fumado e uns excelentes rissóis de massa tenra. Mas há também boas sopas do dia, wraps de batata doce, sandes de carne, tostas de frango ou de manga com camarão e várias saladas. A terminar, não perca a tarte de banana, a base fininha, excelente.
É aliás tudo bem feito, fresco, colorido. Assim não lhe calhe ao lado um nerd histérico, para quem Christopher Nolan é o salvador.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.