Progresso foi tudo o que eu esperei deste café que se intitula o mais antigo do Porto, nascido botequim no final do século XIX. Fui lá quando reabriu, em Setembro do ano passado, com nova carta, nova cara e nova gerência, mas saí de boca amarga. O atendimento não foi dos mais afáveis, a comida não foi das mais saborosas, e a conta foi demasiado alta para a experiência.
Ainda assim, voltei, muito recentemente e mais do que uma vez, porque não devemos condenar um restaurante à nascença só porque a primeira impressão não foi das mais amistosas. Quatro meses depois, pensei, já teriam tido tempo para afinar a carta e o pessoal.
Ao pequeno-almoço correu tudo bem. Bom café 100% arábica, vindo de países como o Brasil e a Guatemala, torrado numa Probat, uma espécie de Lamborghini entre as máquinas utilizadas para este efeito. A acompanhar, um dos queques gulosos e amanteigados da dona Odete, que já os fazia para o estabelecimento anterior.
Ao almoço a história foi outra. Pedimos, de entrada, uns ovos revueltos (porque não mexidos?) com ricota, espinafres e tomate seco. Ignorando o facto de terem sido mais poupados com o tomate seco do que o tio Patinhas com as suas moedas de ouro, pergunto- me se o sal e a pimenta também estariam assim tão caros (FYI, um quilo de sal no Continente custa 0,19€).
O que poderia ter sido uma entrada simples mas saborosa, tornou-se num prato enfadonho e sensaborão (6,50€).
Depois, uma salada tailandesa (11€). O tofu não estava temperado, os pickles de couve roxa não tinham acidez (limitaram-se a mergulhar a couve em água, talvez), um monte de cenoura ralada (!), uma curgete aos cubinhos maçadora e sem piada, uns amendoins picados e um minúsculo bocado de manteiga de amendoim. Meus caros, se isto é uma salada tailandesa, eu vou ali e já venho.
A pizza média (15€) safou-me de ter que ir comer a outro lado. Quem me conhece sabe o quão picuinhas sou com as massas das pizzas. Não foi a minha preferida, mas não estava má, com presunto de Parma, mozzarella, cogumelos, rúcula e queijo Grana Padano, mas não foi suficiente para apagar a amargura deixada desde Setembro.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.