A Praia da Luz no seu todo – que em boa verdade é um território de pequenas dimensões – é um daqueles sítios que apetece em qualquer altura do ano. Nos primeiros dias de sol do ano, quando as ondas ainda são grandes, nos primeiros da Primavera, quando já há gente que se aventura na água, e, claro, no pino do Verão, de preferência quando dá para estender a toalha, nem que seja por 10 minutos. Infelizmente, não foi o caso.
Fui almoçar à Cafetaria da Praia da Luz em dia de trabalho. Esplanada cheia, saladas a saírem da cozinha para o exterior, lá dentro (no andar intermédio, sublinhe-se, que em cima fica o restaurante mais a sério), alguns grupos de pessoas em almoços tranquilos, quase todas as mesas em frente à janela ocupadas. A carta, com consultoria do chef Luís Américo, é uma junção de petiscos e de pratos com toques de autor, mas simples o suficiente para não destoarem num restaurante de praia. Assim como o couvert, com um óptimo pão fresco e estaladiço, e uma pasta de atum à moda antiga, a trazer peixe em doses generosas, cebola e maionese – infelizmente, muito do que se encontra nos restaurantes hoje em dia é uma pasta líquida e sensaborona – com aquele sabor a sandes de praia (e como eu gosto disso).
De entrada, umas pataniscas com maionese de aneto (8€), boas no interior, cremoso e com pedaços de bacalhau lascado, piores no exterior, com resquícios de gordura. Para picar, uma tigela de mandioca em chips Praia da Luz (2€), à qual faltava sal – nisto das chips sou um bocado céptica: é para serem de batata, qualquer variedade de, e ponto final.
De pratos provei uma vitela de comer à colher sobre polenta dourada e couve galega salteada (15,50€), uma dose farta, a carne realmente a desfazer-se, mas com um sabor algo forte de temperos, e a couve muito aguada, e a valer apenas pelos cubos de polenta; e provei uma espetada de lulas com gambas, batata a murro e salada (17€), bem feita, com lulas bem cozinhadas, gambas idem, e umas batatas no ponto. Para remate, uma mousse de maracujá fresquinha (6,50€), mas com mais sabor a lacticínios do que ao fruto, coberta com biscoito de cacau e numa dose pequena para o preço.
O almoço não saiu barato, o serviço não foi grande simpatia, a música esteve sempre em volume alto... A cafetaria da Praia da Luz não convence por aí além. A minha paixão pelo território, porém, não esmorece.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.