Até me considero rodado em restaurantes. Mas nunca tinha ido a um com um conceito tão radical: ao jantar só há pratos para duas pessoas. Só. “Mas se quiser vir sozinho?”, perguntei. “Vai ter de pedir o prato para dois”, responderam. Estranho, pensei eu. Ainda por cima quando existe uma mesa com lugar apenas para uma pessoa só. Mas pronto, c’est comme ça.
Jantei lá num dia de semana, vésperas de Natal, sala cheia de grupos, atendimento assim-assim, e provei – provámos, já que tive de arrastar companhia – o que me pareceu o prato mais fora do comum da (curta) lista: truta salmonada com queijo da Serra. A combinação surpreendeu pela positiva, com o queijo derretido a conjugar bem com o peixe, que podia estar ligeiramente mais cozinhado e a pedir mais sal ou um pouco mais do pouco molho de mostarda que trazia. Ao lado, batatas assadas no ponto com azeite, a casarem bem com o peixe.
Por ele e por dois copos de vinho, paguei 16€. Barato, sim. Mas não tão barato quanto o almoço, onde 4€ dão direito a prato, bebida e café. Mas está longe da qualidade do jantar. A espetada de vitela era dura, vinha esturricada, com pouco sabor, com cogumelos de lata laminados, batatas assadas e uma porção de arroz banal. O arroz de polvo estava médio, mas não deu vontade de repetir. A fatia de bolo de moka XXL (para dois?) tinha um creme pasteleiro duro e sabia a pouco. O serviço, sempre a despachar. Pudesse dar duas classificações e o almoço levaria duas estrelas. Mas como o jantar foi melhorzinho, leva mais uma.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.