1. Tiramisù servido com gelado de palitos La Reine do Flor de Lis
    © João SaramagoTiramisù servido com gelado de palitos La Reine do Flor de Lis
  2. Flor de Lis
    ©João SaramagoFlor de Lis
  3. Flor de Lis
    ©João SaramagoFlor de Lis
  4. Flor de Lis
    ©João SaramagoFlor de Lis

Crítica

Flor de Lis

4/5 estrelas
  • Restaurantes | Europeu
  • preço 3 de 4
  • Foz
  • Recomendado
Publicidade

A Time Out diz

Depois de oito anos ao leme da cozinha do restaurante Palco, no Hotel Teatro, na Baixa, o chef Arnaldo Azevedo fez-se ao mar (e ao que dele vem), na Foz. É, desde Maio de 2019, o comandante dos dois restaurantes do Vila Foz, hotel num palacete do final do século XIX em plena Avenida Montevideu. O Flor de Lis (a figura heráldica está presente em alguns elementos decorativos originais da mansão) tem 55 lugares e uma carta com pratos de época e forte influência portuguesa, a preços mais acessíveis. “É um restaurante para o cliente do dia-a-dia”, explica o chef.

Crítica

Às vezes tenho uma grande urgência em comer. Em comer pratos bons, consistentes, bem pensados e estruturados, com bons produtos frescos, que sejam de fácil digestão e com uma longa perduração na memória. Estava curioso em relação aos restaurantes do Vila Foz Hotel & Spa (o Flor de Lis e o Vila Foz), com o chef Arnaldo Azevedo na cozinha de ambos. Depois de oito anos no restaurante Palco, do Hotel Teatro, Arnaldo (a meu ver) parece ter sido seduzido com a promessa de lhe darem tudo quanto precisasse para conquistar uma estrela Michelin para este novo empreendimento hoteleiro, instalado à beira-mar. Não faltou nada nesta refeição, é certo, que só não chegou à quinta estrela da minha parte por um bocadinho de nada: senti falta de arrojo e surpresa. Fica para a próxima.

Num sábado à noite peguei na minha mulher e fomos jantar. Quando os portões e a fachada do Vila Foz Hotel surgiram no pára-brisas, começaram as recriminações: “Vamos jantar aqui?”, “Não sabias ter dito para me arranjar melhor?”, “Podias ter lavado o carro.” Pois podia, por isso recusei-me a abandonar a viatura quando o valet se ofereceu para a estacionar. Talões de combustível, areia do Verão e jornais amarelados forravam o chão debaixo dos nossos pés. “Deixe estar, não se incomode”, disse eu. E estacionei o meu carro badalhoco ao lado de um polidíssimo e muito brilhante Bentley dos anos 70.

Polidíssimos eram também os mármores do Flor de Lis (restaurante mais em conta e mais descontraído do que o Vila Foz), bem como o serviço atencioso (contei o número de empregados que nos serviram ao longo da refeição: três).

O festim começou com um couvert com pãezinhos brancos ainda quentes, fatias de broa, uma noz de manteiga feita na casa, com uma consistência semelhante à do chantilly, e uma tapenade (o melhor do conjunto) muito mediterrânica: tomate seco e azeitona verde. Com uma boa acidez “grega”, a dupla fez-me lembrar o Antony Quinn a dançar a música de Mikis Theodorakis, no filme Zorba, o Grego. Seguiram-se, depois, duas entradas: o carapau alimado, um filete de peixe bem apresentado e fresco, com tomate-cereja, pepino e cebola roxa (mais Grécia) – um prato simples e simpático; e uns panadinhos de pés de porco acabados de fritar que nos trouxeram de volta a Portugal. Ricos em carne suculenta e cartilagens, desfaziam-se na boca, equilibrados por um gel de coentros engraçado.

Depois, vaca e leitão para pratos principais. O primeiro, um bife tártaro muito primitivo à conta da crueza dos ingredientes, era composto por boa carne picada à mão e uma gema de ovo à espera de ser misturada com a doçura da cebola, com a acidez do citrino e com a salga dos pickles de cornichon. Também muito bem feita e altamente recomendável é a entremeada de leitão. Sobre a carne tenra e sedosa do porco, com um travo a pimenta preta, havia uma pele crocante, de sabor adocicado, adquirida pelo contacto do fogo com a gordura. A refeição foi acompanhada por um infalível Soalheiro branco reserva 2018 e rematada por um fondant de goiabada com gelado de queijo da Serra – que, para nós, foi um dos melhores pratos deste ano.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Detalhes

Endereço
Vila Foz Hotel e Spa
Avenida de Montevideu, 236
Foz
Porto
4150-379
Preço
40-50€
Horário
Todos os dias 12.30-16.00/19.30-22.30
Publicidade
Também poderá gostar
Também poderá gostar