1. Restaurante, Ikeda, Cozinha Japonesa, Origami
    ©Cláudia PaivaIkeda
  2. Sashimi do Ikeda
    © Cláudia PaivaProve o new style sashimi do Ikeda, um carpaccio de peixe branco, salmão e atum
  3. Okonomiyaki do Ikeda
    © Cláudia PaivaOkonomiyaki

Crítica

Ikeda

4/5 estrelas
  • Restaurantes | Japonês
  • preço 4 de 4
  • Campo Alegre
  • Recomendado
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A Time Out diz

Reza a história que o químico Kikunae Ikeda teve uma epifania enquanto sorvia ruidosamente (como devem ser ingeridos os caldos japoneses) o seu dashi ao jantar. Naquela noite de 1907, espantou-se quando percebeu que a comida estava mais saborosa do que era costume por causa da adição de kombu ao prato. Daí até começar a estraçalhar esta alga em laboratório foi um instante e o resultado foi a descoberta do ácido glutâmico, responsável pelo quinto gosto: o umami, que é também a palavra-passe para aceder à internet deste restaurante.

A casa é bonita, decorada com painéis 
em madeira, cerâmicas cuidadas em cima das mesas e até os pauzinhos delicados diferem dos que se vêem na maior parte dos restaurantes asiáticos da cidade. O tecto do andar superior (possivelmente o elemento mais instagramado do espaço, até mais do que a comida), está coberto de cranes em origami, o pássaro que para a cultura nipónica é sinónimo de felicidade.

Na cozinha, Christian Oliveira e Agnaldo Ferreira, os dois sushimen há muitos anos. O primeiro passou pelas cozinhas do Gull e do Terra. O segundo rumou à capital onde trabalhou com Oliver no Yakuza, antes de abrir o seu Hikidashi, um dos melhores restaurantes de sushi de Lisboa.

Mas vamos à comida. Para começar, o risco. Pedimos as espetadas de vieira com ameixa japonesa (12€). A vieira fresca,
vinha ligeiramente braseada e envolta num molho de amendoim e soja adocicado, que contrastava com o sabor ácido e picante
 do fruto. Foi tão desconcertante como entusiasmante. Foi como se no ringue levasse um murro na boca. Um gancho de esquerda assim sem contar. Depois, a defesa. Umas gyosas de frango e vegetais com molho ponzu (7€). Boas, mas banais. Venha daí o the thrill of the fight que torna a vida muito mais emocionante, como o new style sashimi que se seguiu (16€).

Este, uma espécie de carpaccio de peixe congelado (que facilita o corte dos mesmos em fatias muito finas), trazia atum, peixe branco e salmão envoltos num molho trufado, ligeiramente picante, com ovas de peixe voador e sésamo. Tau. Outro K.O. bem dado. O meu ramen chega entretanto à mesa
mas recusa-se a dar-me luta (15€). Baixou 
os braços, um pouco desenxabido. Trazia
 as carnes do porco secas e revelou-se muito parcimonioso com os seus cogumelos. A minha companhia, pronta para atirar a toalha ao tapete perante o meu sofrimento, salvou
 o round quando me deu a provar da sua Gyu Bowl (23€).

Umas fatias de picanha maturada braseadas, quase cruas e muito finas, repousavam lindamente sobre uma massa de trufas negras e parmesão, muito gorda 
e carregada de manteiga, óptima para recuperar energias entre combates. Pedimos ainda um chá matcha (5€). O ritual preparado à nossa frente, apesar de bem-intencionado, foi um pouco trapalhão como, aliás, praticamente todo o serviço.

O último round veio em forma de gelado de saquê (4€). Um golpe perfeito para rematar 
a refeição. Forte no sabor e agradável na consistência.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Detalhes

Endereço
Rua do Campo Alegre, 416
Porto
4150-170
Preço
Até 50€
Horário
Dom, Ter-Qui 12.30-15.00/ 20.00- 23.00, Sex-Sáb 12.30-15.00/ 20.00- 00.00.
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