1. Restaurante, O Carniceiro, Carnes
    ©Marco DuarteO Carniceiro
  2. Restaurante, O Carniceiro, Carnes
    ©Marco DuarteAlém do restaurante, há um bar, uma zona de alojamento e um terraço/ © Marco Duarte
  3. Restaurante, O Carniceiro, Tutano com mostarda e agrião
    ©Marco DuarteTutano com mostarda e agrião do O Carniceiro
  4. Restaurante, O Carniceiro, Atum com yuzo, soja e curgete
    ©Marco DuarteAtum com yuzo, soja e curgete do O Carniceiro
  5. Restaurante, O Carniceiro, Berbigão na chapa
    ©Marco DuarteBerbigão na chapa do Carniceiro

Crítica

O Carniceiro

4/5 estrelas
  • Restaurantes | Restaurantes
  • preço 2 de 4
  • Santa Catarina
  • Recomendado
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A Time Out diz

É tramado quando temos amigos um bocado metafísicos, com uma sensibilidade artística de tal forma apurada que se estende dos olhos ao palato e que conseguem ver num prato de atum um quadro de Kandinsky. Do outro lado da mesa fiz uma tentativa de imaginar um Rembrandt, olhando atentamente para a luz que incidia sobre os rabos de porco desfeitos numa moleza boa de carne, gordura e cartilagens, com muitos cominhos à mistura (5€). Mas lembraram-me mais uma pintura de Pollock, um tanto desajeitada, e desisti.

A piada deste prato estava na simplicidade. Não são muitos os restaurantes que apostam em partes menos nobres dos animais – talvez com medo que 
a clientela torça o nariz (coisa que está a mudar e ainda bem) –, mas os rabos de porco acompanhados por um creme de amêndoa, pickles de couve flor e crocantes de amêndoa (havia doçura, sal e crocância, só senti falta de um elemento mais fresco para contrabalançar), foi um começo com graça. Menos engraçados foram os cornetos de carne maturada (5€). Esta carne é uma das especialidades deste restaurante, inserido no ZERO, o alojamento que o grupo lisboeta Mainside abriu na Rua do Ateneu Comercial do Porto. Dentro deste espaço desafogado de estilo retro-industrial há ainda um cofre, que deu assistência ao Banco Mello e à União de Bancos, que ali funcionaram, forrado 
a carpetes que custaram os olhos da cara, segundo o funcionário que nos atendeu.

Voltando aos cornetos, uma ideia já gasta, a carne pecou pela falta de tempero, e a massa, apesar de simpática, concentrou a cebola e a mostarda no fundo do cone. E como não eram propriamente do tamanho de um niguiri, não deu para enfiar tudo na boca de uma só vez para que a experiência fosse total. Nem o Saturno de Goya conseguiu tal proeza. Cronus comeu o tempo aos bocados.

Para a mesa corrida, partilhada com turistas, casais e grupos de amigos, veio ainda o atum (o tal peixe que desperta neste meu amigo a veia criativa e o põe a ver formas geométricas) com yuzu, curgete e molho 
soja (10€). Uma combinação segura e pouco arrojada que se tornou esquecível assim que o tutano na brasa (6€) chegou. Gorduroso e bem condimentado – uma daquelas coisas que não se pode comer todos os dias, mas que servem de comemoração quando o médico de família nos diz, com uma certa incredulidade, que “o colesterol está surpreendentemente bom” – trazia mostarda a dar salero, folhas de agrião com a sua acidez para equilibrar e finas fatias de pão tostado para ajudar a comer. Tudo muito festivo.

Rematámos o jantar com uma costeleta Maronesa na brasa (ao quilo ficou-nos por 20,52€), escolhida da vitrina junto ao balcão da cozinha aberta. Grelhada só com sal e especiarias e com a gordura a escorrer por entre os veios da carne, foi um agradável final, acompanhado por um arroz de grelos e pinhões (4€), bem cozidinho e apurado, a fazer lembrar o das nossas avós, bem parecido com um Caravaggio.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Detalhes

Endereço
Rua do Ateneu Comercial do Porto, 13
Porto
4000-092
Preço
30€ a 40€
Horário
Seg-Qua 12.00-15.00/ 19.00-23.00, Qui-Sáb 12.00-15.00/ 19.00-00.00, Dom 12.00-15.00
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