Em 2013, Pedro Moura Bessa abriu o Munchie e pôs toda a cidade a adorar hambúrgueres. Seis anos depois abre as portas do Panda, um restaurante com pratos para partilhar, no antigo armazém da Velo Invicta Capas Peneda, a loja de bicicletas mais antiga do Porto.
Críticas
Não há mal nenhum em um artesão aprimorar a sua técnica num ofício só. Um sapateiro que trabalhe toda a vida a remendar solas e a fazer moldes, será, à priori, mais eficaz do que um outro que também se dedique a fazer meias. A ânsia de chegar a todo o lado e de querer dominar todas as coisas nem sempre traz os melhores resultados.
Pedro Moura Bessa, dono deste Panda, é um jovem chef com uma carreira já promissora na cidade. Em 2013 abria o Munchie, a hamburgueria que deixou os portuenses em polvorosa à conta dos seus avantajados hambúrgueres. Conquistaram muitas barrigas, à conta, lá está, da tal experiência. E estava tudo bem só pelo simples facto de o Pedro fazer hambúrgueres. Mas o Pedro não quis ser “só” um sapateiro experiente (e ainda bem), quis mais. Mas fez mais do mesmo e foi uma pena.
Este seu Panda tem canas de bambu e bonitas cestas pelas paredes. Mas também tem plantas de plástico e um panda de peluche absurdamente gigante e desnecessário a acumular pó. O espaço é bonito, mas sem alma. É uma espécie de pessoa encantadora mas com amnésia. O Pedro quis ser como os outros, quis apanhar um barco da moda como os outros, quando teria sido melhor ter ficado a vê-lo passar. À conta disso serviu-me o mesmo tártaro de atum e os mesmos cones com carne que meia cidade servem.
O primeiro trazia cubos de atum fresco cortados à mão, temperados com uma mistura de especiarias e, por cima, um ovo de codorniz demasiado cozinhado (9,50€). A este prato faltou-lhe a doçura da gema a escorrer e a acidez e a frescura de um citrino que conferisse equilíbrio ao sabor intenso do peixe. Traduziu-se, por isso, numa redundância na boca, sem lugar a surpresa. Depois, o taco de pato que não era um taco mas sim um cone de massa estaladiça e saborosa, a precisar de mais tempo a escorrer após a fritura. Dentro tinha carne de pato desfiado, um pouco seca mas corrigida pelo falso molho à Bairrada, carregado de óleo, pimenta preta e cominhos (7€/2 unidades). Dois pratos OK, mas este último, ainda assim, com mais graça. Nota: a salada de rosbife precisa de uma correcção urgente. Folhas de alface sem piada e fatias de rosbife demasiado finas não justificam os 7,50€ pedidos. Os óptimos cocktails (10€) e as incríveis costelinhas bbq (20€/2 pessoas), tenras e gordas, com a carne a separar-se do osso, bem temperadas e com um sabor a fumado, salvaram IMENSO esta refeição, muito cara para o que se comeu (67,60€/2 pessoas). Ficarei à espera que o Pedro apanhe um outro barco.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.